23/06/2019 - 2:54
O candidato do poder nas eleições presidenciais de sábado na Mauritânia, Mohamed Sheij El Ghazuani, obteve 52% dos votos, após a apuração de todas as urnas, segundo dados publicados neste domingo pela Comissão eleitoral nacional (Ceni).
Ele ficou à frente dos opositores Biram Uld Dah Uld Abeid (18,6%) e Mohamed Uld Bubacar (17,9%), segundo a mesma fonte.
A participação foi de 62,7%, acrescentou a Ceni.
Ghazuani, que tinha cinco adversários, já se proclamou vencedor do primeiro turno presidencial com 80% das urnas apuradas, em uma declaração feita na madrugada deste domingo.
“Nosso candidato vencerá com vantagem o primeiro turno”, afirmou o porta-voz de Ghazuani, Sidi Uld Doman, em uma coletiva de imprensa pouco antes do fechamento dos centros de votação.
Cerca de 1,5 milhão de eleitores foram convocados para eleger o sucessor do presidente Mohamed Uld Abdel Aziz, que após dois mandatos não poderia mais ser candidato.
As eleições presidenciais marcam a primeira transição entre dois presidentes eleitos na Mauritânia, país que sofreu vários golpes entre 1978 e 2008, quando ocorreu o golpe de Estado de Mohamed Uld Abdel Aziz, então general.
Os candidatos da oposição rejeitaram os resultados.
“O poder perdeu a batalha eleitoral”, afirmou Biram Uld Dah Uld Abeid em uma conferência conjunta dos quatro adversários da oposição, que antes das eleições haviam se comprometido a se apoiar mutuamente caso houvesse segundo turno.
Sidi Mohamed Uld Bubacar denunciou “múltiplas irregularidades” que “eliminam qualquer credibilidade” desta eleição. “Rejeitamos os resultados destas eleições e consideramos que não expressam de forma alguma a vontade do povo mauritano”, afirmou, exigindo sua publicação pela Ceni “centro por centro”.
Uld Abeid também chamou os mauritanos a “resistirem dentro dos limites da lei a este enésimo golpe de Estado contra a vontade do povo”.
Após as declarações de El Ghazuani houve incidentes em vários pontos da capital, Nouakchott, e em Nuadhibu (noroeste), a única província em que não ficou em primeiro lugar, em benefício de Uld Abeid.
A polícia dispersou os manifestantes, que queimaram pneus e gritaram lemas hostis ao poder, com gases lacrimogêneos e bastões, segundo uma fonte de segurança. Fontes próximas à oposição deram conta de feridos.