Uma candidata da situação à prefeitura de um município do conturbado estado mexicano de Guanajuato (centro) foi morta a tiros ontem após seu primeiro comício, um crime condenado nesta terça-feira (2) pelo presidente do país, Andrés Manuel López Obrador.

Gisela Gaytán, 38 anos, disputava a prefeitura de Celaya pelo Martido Morena, informou a procuradoria do estado na noite de ontem, horas depois do ataque.

Desde outubro, quando começou o processo para as eleições gerais de 2 de junho, foram assassinadas pelo menos 15 pessoas entre candidatos e pré-candidatos a cargos regionais, informou a secretária de Segurança, Rosa Icela Rodríguez.

Segundo a consultoria privada Integralia, de 1º de setembro de 2023 até hoje foram registrados 300 incidentes de violência política no país, entre assassinatos, ameaças, atentados, sequestros e desaparecimentos. A mesma empresa registra 24 candidatos assassinados no decorrer do atual processo eleitoral.

“É um dia triste, porque ontem assassinaram a candidata à prefeitura de Celaya. Esses acontecimentos são bastante lamentáveis, há pessoas que lutam para fazer valer a democracia”, disse López Obrador no início de sua coletiva de imprensa matinal.

A candidata foi assassinada na tarde de segunda-feira na comunidade de San Miguel Octopan, em Celaya, onde se reunia com apoiadores. Durante a visita, após passar por um jardim da cidade, foram ouvidas diversas explosões que causaram pânico na multidão, segundo imagens das câmeras de segurança do local.

“A candidata à prefeitura foi assassinada com tiros de armas de fogo e mais três pessoas ficaram feridas”, detalha o comunicado do Ministério Público estadual. Guerrero, que foi atingido por um dos tiros, morreu posteriormente em um hospital.

– Pedido de segurança –

Gaytán havia pedido recentemente proteção das autoridades, mas não recebeu resposta, razão pela qual as investigações buscam determinar se houve negligência, segundo o governo.

Segundo a secretária Rodríguez, até a segunda-feira foram recebidas 108 solicitações de proteção de candidatos, das quais 86 já foram atendidas, 10 “declinadas” e 12 estão em análise de risco.

Em coordenação com autoridades eleitorais, o governo federal dá proteção a candidatos à Presidência, ao Congresso bicameral e a nove governos estaduais.

As autoridades locais, por sua vez, devem atender aos pedidos dos candidatos a cargos estaduais e municipais.

O governador de Guanajuato, Diego Sinhue, do conservador PAN (oposição), declarou na segunda-feira pela rede X, que o ataque contra Gaytán “não ficará impune” e que coordenará esforços para que os candidatos sejam resguardados.

Guanajuato é considerado o estado mais violento do México, com mais de 3 mil homicídios em 2023, enquanto Celaya é o epicentro de uma guerra entre o cartel de Santa Rosa de Lima e o Jalisco Nova Geração, considerado um dos grupos criminosos mais poderosos do país.

Há vários anos, a espiral de violência ligada ao crime organizado alcança políticos de vários partidos, sobretudo aqueles que ocupam ou disputam cargos regionais.

Os motivos vão de tentativas das máfias de submeter os candidatos a disputas de poder entre grupos políticos.

No último sábado (30), o prefeito do município de Churumuco, no estado de Michoacán (oeste), Guillermo Torres, foi assassinado.

Desde dezembro de 2006, quando o governo federal lançou uma controversa ofensiva militar contra as drogas, mais de 420 mil pessoas foram assassinadas no México, a maioria delas vítimas de atos criminosos, segundo dados oficiais.

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