Câncer no pâncreas de Edu Guedes: especialista aponta possibilidades de cura

À IstoÉ Gente, oncologista detalha possíveis riscos no pós-operatório e processo de remissão da doença; apresentador passou por procedimento para retirada do tumor no último sábado, 5

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Apresentador passou por cirurgia no último sábado, 5 Foto: Reprodução/Instagram

O apresentador Edu Guedes, 51, passou por uma cirurgia para a retirada de um tumor no pâncreas no último sábado, 5. O câncer foi descoberto após um quadro de cálculo renal e tratado por meio de uma pancreatectomia robótica, procedimento que durou cerca de seis horas.

Na manhã desta segunda-feira, 7, o programa comandado pelo apresentador, “Fica Com a Gente”, da RedeTV!, informou que ele passou a noite bem. A equipe do famoso também detalhou que os próximos sete dias serão bastante delicados e importantes para o tratamento.

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Em entrevista à IstoÉ Gente, o oncologista do Hospital A.C.Camargo, Felipe José Fernández Coimbra, conta que a atenção redobrada no pós-operatório do apresentador, nesta semana, ocorre devido à complexidade da cirurgia. Ele também explica que o órgão fica bastante próximo à outras estruturas importantes, o que exige um maior cuidado na hora do procedimento.

Riscos no pós-operatório

O doutor destaca alguns possíveis alertas que podem acontecer após a intervenção no órgão – considerado um dos mais lentos no processo de cicatrização.

“Os principais riscos são possíveis infecções causadas por pequenos vazamentos de enzimas digestivas ou bile. Mais raramente, sangramentos, alterações no funcionamento de alguns órgãos, como fígado e rins, e, às vezes, até a demora na retomada do funcionamento do intestino e do estômago.”

Ele ainda descarta uma possível relação entre o câncer e o quadro de cálculo renal apresentado pelo apresentador. Comumente, apenas tumores em estágio muito avançado afetam o funcionamento do fígado, o que pode levar a consequências renais.

Remissão do câncer no pâncreas

Assim como em outros tipos de tumores, a cura do câncer de pâncreas está diretamente relacionada ao momento do diagnóstico, ou seja, quanto mais cedo for descoberto, maiores são as chances de remissão – momento em que o tumor é retirado e não há mais sinais da doença.

É importante destacar que a cirurgia é o que dá a maior chance de cura para os pacientes. Em casos de pessoas que são operadas e a doença não se espalhou, as chances de remissão são sempre maiores, detalha o especialista. Os cuidados após a operação, como quimioterapia e radioterapia, também influenciam bastante nesse aspecto.

Portanto, o diagnóstico rápido é essencial. Para isso, é preciso estar atento a sintomas que, a princípio, podem não indicar a presença de um tumor. São eles:

  • dor abdominal;
  • dor nas costas;
  • perda de peso;
  • fadiga;
  • alteração de hábito intestinal;

“O câncer de pâncreas é uma doença séria, mas é possível, sim, falar em cura e em um controle prolongado da remissão, em muitos casos.”

Alimentação após retirada do pâncreas

O apresentador passou por uma pancreatectomia robótica, procedimento que consiste na retirada parcial ou total do órgão – o que acaba comprometendo na alimentação do paciente, uma vez que o pâncreas desempenha um papel importante na digestão do corpo humano.

“É esperado uma adaptação inicial da parte nutricional, da alimentação. Muitas vezes, há a necessidade de uma alimentação mais fracionada, orientada por uma equipe especializada, com nutricionista. O estômago fica um pouco mais lento no início, ele vai esvaziar, com menos gordura”, explica o oncologista.

“A gente sempre tenta reforçar o máximo possível as proteínas também, manutenção de massa muscular e funcionalidade do paciente, permitindo uma recuperação mais adequada.”

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O paciente pode perceber uma alteração de hábito intestinal e a mudança da tolerância a alguns alimentos. Por isso, é preciso ter cuidado com excessos de doces e carboidratos.

Além disso, alguns pacientes podem apresentar a síndrome de dumping, que leva à uma serie de sintomas gastrointestinais e neurológicos. Felipe também faz um alerta: pessoas que não eram diabéticas antes da cirurgia têm um risco em torno de 20 a 30% de desenvolver a doença. 

“A gente sempre tenta fazer uma recuperação mais rápida, manter o paciente se movimentando, fazendo exercícios leves a moderados. É necessário tentar fazer com que ele se prepare e faça tudo isso até antes da cirurgia, para que, quando o procedimento ocorrer, ele possa estar pronto e tenha uma recuperação muito mais segura.”

Referências Bibliográficas

* Felipe José Fernández Coimbra (CRM-SP 93020), é Head do Centro de Referência de Tumores do Aparelho Digestivo Alto (CR-ADA) do A.C. Camargo Cancer Center. Cirurgião Oncológico e Ex-Presidente SBCO.