O cantor Conrado usou as redes sociais, na quinta-feira (30), para contar aos seguidores, fãs e amigos que está passando por um grave problema de saúde. Em seu perfil no Instagram, o marido da ex-paquita Andréa Sorvetão publicou um texto, escrito pela esposa, revelando que foi diagnosticado com um tumor maligno no reto. Ele ainda explicou que já está internado e passará por cirurgia nos próximos dias.

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A IstoÉ Gente conversou com a Oncologista Renata D’Alpino, Co-líder da especialidade de tumores gastrointestinais e neuroendócrinos do Grupo Oncoclínicas, que explicou o quadro clínico de Conrado. Entenda!

“Em todo o mundo, os tumores de intestino – que abrangem aqueles que se iniciam tanto na parte do intestino grosso chamada cólon como em sua porção final, no reto e ânus – é responsável por cerca de 10% de todos os diagnósticos de câncer no mundo, com 1,9 milhão de novos casos anuais e 935 mil mortes, segundo o levantamento Globocan, da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, começou a médica.

“No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a doença ocupa o segundo lugar em volume de incidência, excluindo o câncer de pele não melanoma, em homens e mulheres, ficando atrás apenas das neoplasias de próstata e mama, respectivamente. A entidade estima que ao longo de 2023 serão identificados 45.630 novos casos de tumores de intestino”.

“O tumor colorretal se desenvolve no intestino grosso: no cólon ou em sua porção final, o reto. O principal tipo de tumor colorretal é o adenocarcinoma e, em 90% dos casos, o tumor se origina a partir de pólipos na região que, se não identificados e tratados, podem sofrer alterações ao longo dos anos, podendo se tornar cancerígenos. A principal forma de diagnóstico e prevenção é através do exame de colonoscopia, em que um tubinho flexível com uma câmera na ponta é introduzido no intestino e faz imagens que revelam se há presença de possíveis alterações, permitindo, inclusive, remoção de pólipos e biópsias de lesões suspeitas”, continuou Renata D’Alpino.

No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda iniciar o rastreio do câncer de cólon e reto da população adulta de risco habitual na faixa etária de 50 anos – mas muitos países já reduziram para 45 anos de idade.

“Grande parte dos tumores de intestino aparece a partir dos chamados pólipos, que são lesões benignas que crescem na parede interna do órgão, mas que se não identificadas preventivamente podem evoluir e se tornarem malignas com o passar do tempo. Após os 50 anos de idade, a chance de apresentar pólipos aumenta, ficando entre 18% e 36%, o que consequentemente representa um aumento no risco de tumores malignos decorrentes da condição a partir dessa fase da vida e por isso ela foi estabelecida como critério para início do rastreio ativo. Além de detectar esses pólipos, a colonoscopia permite que eles sejam retirados, o que funciona como mais uma forma de prevenir o câncer”.

A Oncologista ainda lembra que pessoas com histórico pessoal de pólipos ou de doença inflamatória intestinal, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, bem como registros familiares de câncer colorretal em um ou mais parentes de primeiro grau, principalmente se diagnosticado antes de 45 anos, devem ter atenção redobrada e realizar controles periódicos antes da idade base indicada para a população em geral. E alerta: quando descoberto em fase inicial, o câncer colorretal tem taxa de cura acima de 90%.

Ainda assim, a médica afirma que há muitos tabus que cercam o rastreio preventivo do câncer colorretal, o que contribui para a baixa adesão ao controle precoce da doença mesmo entre pessoas que fazem parte do grupo com risco aumentado.

“Muitas vezes, o tumor só é descoberto tardiamente, diante de sintomas mais severos, como anemia; constipação ou diarreia sem causas aparentes; fraqueza; gases e cólicas abdominais; e emagrecimento. Apesar do sangue nas fezes ser um indício inicial de que algo não vai bem na saúde, muitas pessoas costumam creditar essa ocorrência a outras causas convencionais, como hemorróidas, e acabam postergando a busca por aconselhamento médico e a realização de exames específicos. Isso faz com que muitas pessoas só descubram o câncer em estágios avançados”, diz Renata D’Alpino.

Para a oncologista da Oncoclínicas, outro ponto de grande relevância no combate ao câncer de intestino é o estabelecimento de uma recomendação mais clara para triagem de casos assintomáticos, quando não há sinais de sintomas clássicos que podem levantar suspeitas – caso de sangramentos corriqueiros visíveis nas fezes – entre a porção da população com menos de 50 anos.

Entre as ações possíveis, ela destaca uma iniciativa liderada pela US Preventive Services Task Force que considera que testes menos invasivos poderiam ser iniciados precocemente e repetidos com intervalos menores em comparação à colonoscopia. Além disso, prevê mudar a idade de rastreamento para os 45 anos, devendo ser repetido a cada 5 anos em caso de resultados normais, como já vem sendo sugerido desde 2019 pela American Cancer Society (ACS).

“Em grande parte, esses resultados apontam para uma consequência de hábitos de vida menos saudáveis, com maior taxa de sedentarismo e consumo de alimentos ultraprocessados como refrigerantes, salgadinhos e enlatados. A predisposição genética conta como risco, mas não podemos esquecer que há outros fatores que podem contribuir para o surgimento da doença, tais como obesidade, sedentarismo, dieta rica em carnes vermelhas, tabagismo e alcoolismo. E esses são fatores que fazem parte da ‘vida moderna’ e ajudam a desvendar as razões pelas quais devemos reforçar a conscientização sobre os impactos das nossas decisões pessoais no crescimento de casos de câncer – e não apenas do colorretal”, finaliza.