O câncer de intestino, também denominado câncer colorretal, é, atualmente, o terceiro tipo de tumor maligno mais comum no Brasil. Seu desenvolvimento pode ocorrer tanto no intestino grosso quanto no reto. Porém, há uma boa notícia sobre a doença: quando detectado no início, além de tratável, o câncer de intestino tende a ser totalmente curável. Por isso, o diagnóstico precoce ainda é o melhor remédio.
Conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), surgem, todos os anos, cerca de 45 mil novos casos, sendo mais de 23 mil em mulheres e 21 mil em homens. A doença representa aproximadamente 6,5% de todos os diagnósticos de câncer no país, ficando atrás apenas dos tumores de mama e de próstata. O problema ocorre quando a doença é descoberta em estágio avançado (cerca de 85% dos casos no território nacional). “Isso dificulta o tratamento e diminui muito as chances de cura”, explica o Dr. Marllus Soares, coloproctologista especializado no tratamento de doenças do reto, ânus e intestino.
Diante dos dados, fica a pergunta: quando começar a prevenção? A Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) recomenda que o rastreamento comece aos 45 anos, principalmente para quem tem histórico familiar da doença. Essa orientação é a mesma da Sociedade Americana de Câncer, que indica exames entre os 45 e 75 anos e, em casos selecionados, até os 85 anos.
Campanhas como o “Março Azul-Marinho” reforçam a importância de falar sobre o assunto e incentivar o diagnóstico precoce. Trata-se de uma iniciativa voltada à conscientização sobre o câncer colorretal. “O câncer de intestino inicia-se a partir de pólipos adenomatosos, que são pequenas lesões benignas. Ao longo do tempo, essas lesões podem se transformar em tumores malignos”, aponta o proctologista. Esse processo é conhecido como via adenoma-carcinoma e ocorre em até 85% dos casos.
A boa notícia é que o exame de colonoscopia consegue localizar e remover esses pólipos antes que eles se tornem câncer, sendo, por isso, considerado um exame-chave para a prevenção. “Além da colonoscopia, é possível citar o teste de sangue oculto nas fezes, denominado FIT ou guaiac FOBT. Ele é feito anualmente e, caso positivo, indica-se a colonoscopia”, acrescenta o Dr. Marllus Soares. A sigmoidoscopia flexível (que examina apenas a parte final do intestino grosso) e a TC-colonografia (colonoscopia virtual feita por tomografia e menos invasiva) também são indicadas.
Antes de qualquer exame, a população precisa estar atenta aos sinais de alerta que o corpo apresenta: sangue nas fezes, anemia sem explicação, mudança persistente no hábito intestinal, como prisão de ventre ou diarreia, fezes mais finas que o normal, perda de peso sem motivo, fadiga e desconforto abdominal são alguns sintomas que exigem atenção redobrada. “Se descoberto no início, o câncer de intestino tem mais de 90% de chance de cura”, alerta o proctologista.
Nos Estados Unidos, programas que distribuem kits para o exame de fezes (FIT) e realizam rastreamento em larga escala já reduziram a mortalidade em até 50%. No Brasil, ainda é preciso ampliar o acesso à colonoscopia e aos programas de triagem no SUS, para que mais pessoas tenham a oportunidade de prevenir e tratar a doença a tempo. “Portanto, fica a dica: quanto antes, maiores as chances”, finaliza o Dr. Marllus Soares.