Os números não deixam dúvidas: o câncer é uma das principais ameaças à saúde das mulheres brasileiras. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os tumores malignos mais comuns entre elas continuam crescendo, com destaque para o câncer de mama, que deve atingir 74 mil novos casos já em 2025. Outros tipos também preocupam: cólon e reto (9,7% dos casos), colo do útero (7%) e pulmão (6%).
Diante desse cenário alarmante, oncologistas promovem um encontro para discutir estratégias de prevenção e detecção precoce. O evento “Mulheres em AntecipAÇÃO: Autoconhecimento é Poder” acontece no Teatro Unimed, em São Paulo, no dia 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher. Organizado pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) em parceria com os Grupos Brasileiros de Tumores de Mama (GBECAM), Torácicos (GBOT) e Gastrointestinais (GTG), além da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a iniciativa busca conscientizar mulheres, profissionais de saúde e a sociedade sobre os tumores mais incidentes na população feminina.
Luta contra o HPV
A realização do evento ocorre em um momento simbólico para a saúde feminina. Ontem, 4 de março, foi o Dia Mundial de Combate ao HPV, data fundamental para reforçar a necessidade da vacinação contra o Papilomavírus Humano, principal causador do câncer de colo do útero, entre outros tumores. Março Lilás é o mês dedicado a luta contra o câncer de colo de útero.
O INCA estima 17 mil novos casos e mais de 7 mil mortes causadas pelo câncer de colo de útero em 2025, apesar de ser um câncer altamente prevenível. A vacinação contra o HPV, disponibilizada gratuitamente pelo SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos (temporariamente estendido até os 19 anos em virtude da pandemia da Covid19) , e o rastreamento com o exame de Papanicolau são medidas essenciais para reduzir esses números. O imunizante tem indicação até os 45 anos mas só é disponível na rede privada nessa faixa etária de 20 em diante.
“Essa é uma realidade difícil porque há muitos outros tumores relacionados ao vírus HPV, não apenas o câncer de colo de útero, que poderiam ser prevenidos”, diz Andrea Gadelha, presidente do Grupo EVA, citando tumores de vulva, vagina e mesmo tumores masculinos, como o cânceres ânus e de pênis. “A incidência e a mortalidade do câncer de colo do útero, relacionada a baixa prevenção ao HPV, baixa adesão aos métodos de rastreio e diagnóstico tardio permanecem preocupando.
Vencer estas barreiras associadas a desinformação ou tabu são fundamentais para mudar este cenário.”
Apesar de ser um dos cânceres mais preveníveis, o câncer de colo do útero ainda representa uma grave ameaça à saúde da mulher. É o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina. “A vacinação contra o HPV e o rastreamento com Papanicolau são fundamentais para reverter esse quadro”, acrescenta Andréa Gadelha, do EVA. A adesão à vacina ainda é baixa no Brasil, e muitas mulheres não realizam exames preventivos regularmente.
Câncer de mama
O câncer de mama lidera as estatísticas de tumores malignos femininos, com estimativa de 74 mil novos casos por ano no Brasil. No entanto, o diagnóstico precoce pode elevar as chances de cura para 95%.
A mamografia é a principal ferramenta para detecção precoce, mas a recomendação sobre sua periodicidade varia: enquanto o Ministério da Saúde indica o exame bienal a partir dos 50 anos, sociedades médicas defendem a mamografia anual a partir dos 40.
“Ainda há desinformação e medo sobre esse exame, o que pode atrasar o diagnóstico”, alerta a Dra. Gisah Guilgen, diretora de planejamento do GBECAM. Além do rastreamento, a especialista destaca que hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, prática de atividades físicas e evitar álcool e cigarro, são essenciais na prevenção.
Câncer de intestino
O câncer colorretal é o segundo mais comum entre as mulheres no Brasil, com mais de 23 mil novos casos ao ano. A colonoscopia é a melhor ferramenta de rastreamento, pois identifica tumores em estágio inicial e detecta pólipos que podem evoluir para câncer.
“É um exame essencial para a prevenção, pois nos permite identificar alterações antes mesmo do aparecimento de sintomas”, explica a Dra. Maria Ignez Braghiroli, do GTG. O risco da doença aumenta com maus hábitos alimentares, sedentarismo e obesidade, reforçando a importância da adoção de um estilo de vida saudável.
Câncer de pulmão
O câncer de pulmão é o quarto mais comum entre as mulheres, mas o segundo com maior taxa de mortalidade. Cerca de 85% dos casos estão associados ao tabagismo, mas outros fatores, como poluição, tabagismo passivo e exposição a substâncias químicas, também desempenham um papel importante.
“O impacto do cigarro entre as mulheres ainda é uma preocupação. Embora o tabagismo tenha diminuído nos últimos anos, a incidência da doença no público feminino continua aumentando, pois muitas mulheres começaram a fumar mais tarde e os efeitos do cigarro demoram décadas para se manifestar”, explica Vladmir Cordeiro de Lima, presidente do GBOT. Até 25% dos casos ocorrem em mulheres que nunca fumaram, o que pode estar relacionado a outros fatores ambientais.
Compromisso
A primeira edição do evento “Mulheres em AntecipAÇÃO” reforça o compromisso da SBOC e dos grupos colaborativos na luta contra o câncer feminino. Ao reunir especialistas e oferecer um espaço de aprendizado e troca de experiências, a iniciativa visa não apenas disseminar conhecimento técnico, mas também incentivar hábitos saudáveis, autocuidado e rastreamento precoce, fundamentais para aumentar as chances de cura.
O evento é gratuito e aberto ao público, com foco especial em mulheres interessadas na prevenção e diagnóstico precoce do câncer, além de profissionais da saúde, pacientes e pesquisadores.
Com informação e conscientização, as mulheres podem assumir um papel ativo na proteção da própria saúde. Como reforça a Dra. Angélica Nogueira, presidente da SBOC: “Quanto mais cedo for o diagnóstico, maiores são as chances de um tratamento bem-sucedido e da cura. Informação é poder.”
Programação
A programação inclui palestras e debates conduzidos por especialistas e a moderação da jornalista Lucia Helena de Oliveira, colunista de saúde do Viva Bem UOL:
▪ 15h – Abertura do Evento
▪ 15h10 – Tumores de Colo de Útero – Dra. Andrea Gadelha (EVA)
▪ 15h20 – Tumores de Mama – Dra. Gisah Guilgen(GBECAM)
▪ 15h30 – Tumores de Pulmão – Dr. Vladmir Cordeiro de Lima (GBOT)
▪ 15h40 – Tumores de Cólon e Reto – Dra. Maria Ignez Braghiroli (GTG)
▪ 15h50 – Rastreamento do Câncer – Papel dos Grupos e Sociedades Médicas, do Governo e da Sociedade Civil – Dra. Angélica Nogueira (SBOC)
▪ 16h – Discussão e debate
▪ 17h – Coquetel
Serviço
Mulheres em AntecipAÇÃO: Autoconhecimento é Poder
Data: 7 de março de 2025 (sexta-feira)
Horário: 14h30 – 17h00
Local: Teatro Unimed (Alameda Santos, 2159, 1º Andar, Jardins – São Paulo – SP)
Inscrição em sboc.org.br/mulheres-em-antecipacao ou no link na bio
