A Autoridade do Canal do Panamá (ACP) reafirmou nesta quinta-feira (3) que a rota interoceânica manterá sua política de neutralidade diante da invasão da Ucrânia por tropas da Rússia, e se recusou a impor qualquer tipo de proibição de trânsito aos navios russos.

“O Canal do Panamá acompanha de perto a situação atual na Ucrânia”, mas “é uma via navegável de trânsito internacional permanentemente neutra”, informou a ACP em um comunicado enviado à AFP.

Em 1977, o ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, e o agora falecido líder nacionalista panamenho, Omar Torrijos, assinaram os tratados pelos quais o Panamá recuperou o Canal dos Estados Unidos.

Em um desses tratados, “declara-se a neutralidade do Canal do Panamá”, recorda a ACP, em um momento que o Ocidente aplica inúmeras sanções à Rússia.

O objetivo desta neutralidade é que “tanto em tempos de paz como em tempos de guerra” o Canal “permaneça seguro e aberto para o trânsito pacífico de navios de todas as nações em condições de completa igualdade”, acrescenta a autoridade do canal.

Na quarta-feira, um pequeno grupo de ucranianos, durante um protesto na Cidade do Panamá, coletou assinaturas para pedir ao governo panamenho que fechasse o acesso aos navios russos como sanção à invasão da Ucrânia.

Segundo dados oficiais, a presença russa no canal panamenho, por onde passa 3,5% do comércio marítimo mundial, é simbólica.

Na nota, a ACP garante ainda que o Canal “vai analisar os possíveis impactos” que a invasão da Ucrânia pode ter no Panamá.

A situação poderá afetar “a curto e longo prazo” “a cadeia de abastecimento do comércio marítimo mundial”, o que afetaria a tonelagem, o número de trânsitos e as receitas que o Canal cobra dos navios pela sua utilização, acrescenta.