Canal do Panamá analisa construir gasoduto em meio a ameaças de Trump

O Canal do Panamá anunciou nesta segunda-feira (10) que está analisando a construção e operação de um gasoduto de 80 km através do istmo para ampliar seus negócios, em meio às ameaças do presidente americano Donald Trump de retomar a via interoceânica.

O administrador do canal, Ricaurte Vásquez, indicou que o “movimento de gás liquefeito de petróleo” é um segmento de mercado “altamente relevante para o Canal do Panamá”, pois sua demanda “vai dobrar nos próximos 10 anos”.

Como é impossível duplicar os trânsitos de navios gaseiros pelo canal nesse período, o gasoduto se apresenta como uma alternativa rentável, disse.

O duto permitiria transportar do Caribe panamenho gás liquefeito de petróleo chegado em navios da Costa Leste dos Estados Unidos. Na costa do Pacífico, o combustível seria reembarcado rumo ao Japão e outras nações asiáticas.

No Panamá, existe há anos um duto que transporta petróleo da costa do Pacífico ao Atlântico, mas não pertence à Autoridade do Canal do Panamá (ACP), a entidade estatal autônoma que opera a via desde que foi entregue pelos Estados Unidos às mãos panamenhas em 1999.

“Os volumes de aquisição do Japão são impressionantes. Estamos falando de que eles precisariam de um volume de aproximadamente dois milhões de barris por dia, (…) mas o canal não tem capacidade” para duplicar os trânsitos de navios gaseiros, explicou Vásquez.

“Entendemos que é um negócio complexo, é um negócio diferente, mas eu não acredito que haja razão para termos medo”, acrescentou o chefe da ACP em uma coletiva de imprensa junto ao ministro para Assuntos do Canal, José Ramón Icaza.

Vásquez disse que este novo negócio não infringiria as normas constitucionais nem a lei orgânica da ACP.

Desde um mês antes de retornar à Casa Branca em janeiro, Trump promete que “vai recuperar” a via marítima inaugurada pelos Estados Unidos em 1914 e ampliada pelo Panamá em 2016 para permitir a passagem de navios maiores.

fj/mr/ic/am