OTTAWA, 10 AGO (ANSA) – O governo do Canadá anunciou nesta terça-feira (10) que nomeará um oficial independente para ajudar a localizar e proteger milhares de sepulturas não identificadas em antigos internatos para crianças indígenas.
A expectativa é de que o especialista, cuja identidade ainda não foi revelada, faça recomendações sobre a reforma de políticas e leis governamentais para lidar com erros históricos contra os povos indígenas.
No entanto, acredita-se que o oficial não terá poderes para processar o que a chefe da Assembleia das Primeiras Nações, RoseAnne Archibald, chamou de “crimes contra nossos filhos”.
“Esta pessoa ajudará a traçar um caminho a seguir”, disse o ministro da Justiça, David Lametti, em entrevista coletiva.
Segundo ele, o promotor especial trabalhará com as tribos indígenas e a Igreja Católica, bem como um comitê recém-criado de “conhecimento indígena”.
Do século 19 até a década de 1970, pelo menos 150 mil crianças indígenas foram forçadas a frequentar as chamadas “escolas residenciais indígenas”, uma rede financiada pelo governo canadense e administrada pela Igreja Católica, em uma campanha para assimilá-las à cultura dominante.
As crianças, porém, eram abusadas física e sexualmente por diretores e professores que os privavam de sua cultura e língua.
A última escola fechou na década de 1990.
Recentemente, mais de 1,2 mil túmulos não identificados em terrenos de antigas escolas foram descobertos nas províncias de Colúmbia Britânica e Saskatchewan e sacudiram o Canadá.
Acredita-se que as investigações localizem mais covas tendo em vista que milhares de crianças são estimadas como mortas, no que a comissão de inquérito definiu como “genocídio cultural”.
O Vaticano nunca se desculpou pelo tratamento dispensado a crianças indígenas. No entanto, o papa Francisco anunciou que receberá em dezembro uma delegação de povos indígenas do Canadá.
(ANSA)