O Canadá anunciou, nesta sexta-feira (25), que apoiará os Estados Unidos em sua disputa com o México pelo comércio de milho geneticamente modificado no âmbito do T-MEC, o acordo comercial da América do Norte (T-MEC).

“O Canadá participará como terceiro no procedimento de resolução de disputas lançado pelos Estados Unidos”, disse a ministra canadense do Comércio Internacional, Mary Ng, em um comunicado.

“O México não respeita as obrigações sobre estudos científicos e análises de risco”, afirmou a ministra, acrescentando que as medidas adotadas pelo governo de Andrés Manuel López Obrador “poderiam perturbar desnecessariamente as trocas comerciais no mercado norte-americano”.

Na semana passada, os EUA anunciaram que pediram a criação de um painel de solução de controvérsias com o México no âmbito do T-MEC, diante da decisão mexicana de restringir as importações do milho transgênico.

Em 2020, o governo de López Obrador proibiu a produção e a importação de milho geneticamente modificado até 2024. Frente aos protestos do vizinho do Norte, optou por permiti-lo para a alimentação de animais e processamento em indústrias diversas, até que um substituto seja encontrado para o grão.

O consumo humano seria proibido. Mas o México é autossuficiente em milho branco não transgênico, que constitui a base da dieta de seus 126 milhões de habitantes.

A concessão não agradou os Estados Unidos, que em junho pediram consultas formais para tentar resolver o problema.

Na falta de uma solução, o governo do presidente americano, Joe Biden, deu um passo à frente “para fazer cumprir as obrigações do México sob o T-MEC”, afirmou, em nota, a representante comercial americana, Katherine Tai.

O governo mexicano, por sua vez, discorda e prepara a defesa de seu posicionamento. “Demonstrar que a regulação nacional é consistente com compromissos assinados e que as medidas contestadas não têm efeitos comerciais” será o seu objetivo, afirma o Ministério da Economia do país.

Para isso, contará com o apoio do Ministério do Meio Ambiente e da Comissão de proteção contra riscos à saúde.

Os produtores americanos pressionam o governo de Biden, que disputará a reeleição nas presidenciais de 2024, para que um acordo seja alcançado.

O México é o segundo comprador mundial de milho amarelo e 95% do cereal vêm do mercado americano, cuja produção é, por sua vez, 93% transgênica.

López Obrador quer preservar a segurança do milho nativo, para assim garantir a conservação da biodiversidade das mais de 64 variedades do grão existentes no país, das quais 59 são endêmicas, e, assim, promover uma alimentação livre de transgênicos.

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