20/01/2023 - 9:30
Aproposta do glamping é uma só: acampar sem sufoco, com o máximo de conforto – e uma pitada de luxo, se possível. O conceito vem conquistando brasileiros e ampliando suas opções dentro da indústria do turismo. No lugar das barracas apertadas e sacos de dormir, entram hospedagens de alto padrão, com serviços exclusivos para os viajantes. Uma nova forma de sair da rotina para quem deseja manter contato com a natureza. Em 2022, o Ministério do Turismo contabilizou 12 milhões de pessoas viajando pelo País. Para este ano, a pasta espera um crescimento desse número, o que deve injetar aproximadamente R$ 74 bilhões na área, segundo cálculos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
Nesse cenário, um movimento que começou na pandemia tem lucrado: o glamping. “O turismo de isolamento, em que você não encontrava pessoas, mas ia a algum lugar com garantia de um momento de conexão, atraiu muita gente”, analisa Alexandre Lopes, proprietário do Clube do Mato, glamping em Monteiro Lobato, São Paulo. O negócio repaginou a concepção de acampar, trocando a barraca por um domo geodésico de arquitetura única. O espaço tem total infraestrutura e permite variáveis sofisticadas: é possível até contratar um chef particular para o preparo das refeições. Em 2021, a turismóloga Patricia Herzog, de 45 anos, saiu de Brasília para descansar no empreendimento na Serra da Mantiqueira. “É uma experiência de viagem diferente, pé no chão, mas com luxo. Você está em um ambiente intocado e com uma paisagem arrebatadora, mas dormindo num colchão maravilhoso e com um bom chuveiro. Você não precisa passar perrengue”, garante.
Em São Bento do Sapucaí, também em São Paulo, há o Nomad Place, com domos igualmente sofisticados. Em breve, a instalação terá uma cervejaria artesanal exclusiva para seus hóspedes. “No exterior, o público de glamping é a classe B e C. No Brasil, é A e B. É um grupo exigente que busca uma experiência luxuosa”, afirma Halmer Marques, proprietário.
Atender com requinte é o mote do glamping. Em Cambará do Sul, no Rio Grande do Sul, o Parador oferece até transfer de helicóptero. O negócio tem uma gama de comodidades para quem quer acampar com estilo: barracas de luxo, bangalôs, chalés e casulos. Esse último, aliás, é a novidade da vez. Foi lá que o filmmaker Lucas Ramos, 36, passou seis dias em novembro de 2022. Para ele, o ponto alto da viagem foi a gastronomia: “Ofereceram um churrasco tradicional gaúcho para nós. Nunca comi nada igual na minha vida, o nível da carne era outro”.
Clima de safári
O estabelecimento tem ainda uma extensa lista de vivências, como quadriciclos e passeios de balão. “Em breve, lançaremos um tour guiado para observação das estrelas, acompanhado por uma equipe de profissionais em astrofotografia”, adianta Rafael Peccin, diretor de marketing do empreendimento.
Entre domos e casulos, as tradicionais tendas também foram repaginadas no suntuoso acampamento ao estilo brasileiro. Em Maraú, na Bahia, o Dê Algodões #1 tem hospedagens a base de madeira, tecido e lona. A rusticidade é o charme do local e reúne um leque de conveniências para os campistas. O principal deles é sem custo: a natureza. “Estamos a 50 metros do mar, com uma água multicor de vários tons de azul e verde. O turista tem uma área resguardada, um verdadeiro paraíso”, afirma Angela Tchizli, responsável pelo negócio.
No Jalapão, em Tocantins, o viajante pode explorar a região em um molde semelhante aos safáris africanos. Por lá, a tendência de acampamentos com glamour tem fascinado os turistas. A Korubo disponibiliza uma imersão para desbravar o oásis brasileiro, com tendas privativas e veículos com mirantes e janelas panorâmicas. A empresa oferece ainda pernoites no “safari camp”, mas sem o excursionista perder a mordomia. Há passeios radicais, como canoagem no Rio Novo, ou apenas contemplativos, como uma visita à Cachoeira do Formiga. Para Cinthia Krause, responsável pela agência, a comodidade maior é cedida pela natureza: “Luxo é fazer uma aventura em um lugar preservado”.
