O mais novo campeão de Grand Slam do Brasil revelou nesta segunda-feira que quase escolheu o caminho do futebol em vez da trajetória nas quadras de tênis. O carioca João Fonseca só tomou o caminho da raquete aos 11 anos, idade quase tardia para apostar numa outra modalidade. Hoje, aos 17 anos, e com um título juvenil do US Open e o posto de número 1 do mundo no currículo, ele conta com o apoio de uma empresa de Roger Federer para continuar brilhando, agora no circuito profissional.

“Até os 11 anos, eu era mais da escolinha de futebol do que do tênis. Até que um dia tive uma lesão mais dura, um tombo muito feio no futsal. Botei na minha cabeça que era um esporte muito perigoso, de muito impacto. E fui focando no tênis. Me apaixonei pelo esporte”, afirmou o jovem atleta, com seu sotaque carioca.

Questionado pelo Estadão, o torcedor fanático do Flamengo evitou falar sobre suas habilidades com a bola de futebol. “Não digo que jogo mal, mas também não digo que jogo bem”, afirmou, entre risadas.

Fonseca afirmou que entrar no mundo dos esportes era algo praticamente inevitável, uma vez que a prática esportiva é quase uma regra em sua família. A mãe joga vôlei, pratica kitesurf e pedala. O pai também gosta de ciclismo e kitesurf, além de surfar. Os dois irmãos seguem o mesmo roteiro. Em comum a quase todos está o tênis, sempre de forma amadora. Fonseca é o primeiro da família a levar o esporte para um outro níve. “Minha família é muito esportista. Cresci fazendo todos os esportes possíveis.”

NOVOS DESAFIOS

O título do US Open, no sábado, encerrou a carreira de juvenil do brasileiro. A partir de agora, o foco será na transição para o circuito profissional. E a primeira grande decisão deve ser tomada até junho do próximo ano. Fonseca cogita a possibilidade de jogar o circuito universitário dos Estados Unidos. A decisão ficará para 2024.

“Estou deixando as duas portas abertas. Tenho falado com algumas universidades. Acho que seria uma boa experiência passar oito meses nos EUA e depois trancar a faculdade. E seguir para a carreira profissional. Mas não vou decidir nada por agora”, explicou.

No circuito universitário ou nas quadras da ATP, Fonseca tem consciência dos desafios que virão pela frente. “Estou entrando no mundo real, que é o profissional. As coisas ficam mais sérias, tem que se dedicar muito mais. Tenho que trabalhar o dobro para chegar lá. Essas conquistas no US Open foram muito boas, vão me dar muito mais confiança para seguir em frente.”

E ele já sabe onde exatamente precisa melhorar. “Eu me lesionava muito antigamente, tinha um físico fraco. O trabalho físico é o que mais estamos trabalhando agora. Mas também preciso melhorar a parte técnica e buscar amadurecimento”, comentou Fonseca, com seu jeito tranquilo de falar.

A fala calma, contudo, não expressa o estilo de jogo do brasileiro em quadra. “Eu sempre meti a mão na bola. Na infância, eu era um menino que jogava com o boné para trás e metia a mão na bola. Uma ia na tela, outra era winner, outra ia no pé da rede. Mas sempre gostei de bater na bola. Meu técnico diz que sou um dos caras mais corajosos que ele já viu em quadra. Independente do ponto, gosto de bater na bola. Na final do US Open, mesmo nervoso, eu não aliviava, tentava não travar o braço.”

EMPRESA DE FEDERER

Em seu caminho rumo ao tênis profissional, o jovem brasileiro conta com um apoio de peso. Seu principal patrocinador é a ON, empresa de artigos esportivos que tem como um dos sócios ninguém menos que Roger Federer.

A parceria, algo quase exclusivo no mundo do tênis, começou no início deste ano. Somente três tenistas são apoiados atualmente pela ON. Um deles é Fonseca. Os outros são a polonesa Iga Swiatek, ex-número 1 do mundo até o início do US Open, e o americano Ben Shelton, semifinalista e uma das sensações da competição disputada em Nova York.

“É uma exclusividade imensa. Eu tinha outras propostas, mas botei na minha cabeça que escolheria essa pela exclusividade e por ser uma marca nova”, afirmou Fonseca, que tem Federer como sua principal referência no tênis.

“Acredito que devo conhecê-lo brevemente. Sempre foi um ídolo para mim. É o jogador que eu mais gostei de assistir. É o cara que mais me inspirei desde pequeno, pela facilidade de jogar. E é muito bom fazer parte de uma marca que está começando do zero, iniciando junto com ela a minha carreira profissional.”