Quem lembra do discurso do presidente Jair Bolsonaro, que se vangloriava de ter sido eleito sem gastar quase nada na campanha eleitoral de 2018, deve ter ficado sem entender muita coisa quando, em dezembro do ano passado, o Congresso aprovou – com o seu aval, diga-se de passagem – o fundo eleitoral de cerca de R$ 5 bilhões, dinheiro público que vai garantir a campanha mais cara da história do país. Esse valor será dividido proporcionalmente entre os 32 partidos existentes hoje no Brasil, conforme o número de deputados federais de cada partido e de acordo com a filiação partidária constante da diplomação dos eleitos. Cabe a cada partido decidir quanto gastar com as campanhas publicitárias de seus candidatos.

O PT, que terá R$ 484,6 milhões para gastar na campanha, recebeu da MPB Estratégia e Criação, agência escolhida para a campanha de Lula, um orçamento inicial de R$ 45 milhões para ações de comunicação. O ex-deputado Jilmar Tatto, secretário de comunicação do PT, não queria a contratação dessa agência e defendia manter as ações de marketing com o próprio partido, mas Franklin Martins, ex-ministro da Secretaria da Comunicação Social do governo do PT, está vencendo a briga: ele é o responsável pelo acordo com a MPB.

No PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, o valor do fundo eleitoral chega a R$ 283,2 milhões, mas a assessoria de imprensa ainda não informou quanto será gasto com comunicação. A polêmica lá, por ora, é a escolha do marqueteiro Duda Lima, nome de confiança de Valdemar Costa Neto, para quem trabalha há pelo menos duas décadas à frente de inúmeras campanhas do cacique da legenda. Aliados de Bolsonaro consideram que Duda Lima não tem experiência suficiente para encarar uma campanha presidencial.

Já o União Brasil, partido recém-aprovado pelo TSE como resultado da fusão do PSL com o DEM, já nasceu como o maior fundo eleitoral, avaliado em R$ 770 milhões, que serão gastos nas eleições. De acordo com a assessoria de imprensa, o partido ainda está formando seus diretórios e não tem nada decidido em relação a valores que serão gastos com a campanha.

No PSDB, que tem o ex-governador João Doria como candidato a presidente, o fundo eleitoral será de R$ 314 milhões, com a estimativa de um gasto total de R$ 65 milhões com a equipe de marketing. No MDB da pré-candidata Simone Tebet, a direção do partido deve contratar o marqueteiro Felipe Soutello, mas a assessoria informou que ainda não há uma definição sobe os valores a serem gastos com a comunicação. Só de fundo eleitoral, o MDB terá R$ 356,7 milhões. No PDT de Ciro Gomes, o fundo eleitoral será de R$ 248,4 milhões e uma parte desse valor deve ir para João Santana, ex-marqueteiro de Lula, está desde o ano passado trabalha na comunicação do partido. Por ora, ele está embolsando cerca de R$ 250 mil por mês.