O México encerrou nesta quarta-feira (29) uma longa e cansativa campanha presidencial com comícios massivos das principais candidatas e o foco sobre a governista Claudia Sheinbaum, que busca coroar no domingo sua liderança nas pesquisas.

Triunfantes e em um ambiente festivo, milhares de pessoas se concentraram no Zócalo, principal praça da Cidade do México, para ouvir a esquerdista Sheinbaum, favorita para suceder o popular presidente Andrés Manuel López Obrador.

“O povo já acordou. Já não queremos que os governos anteriores continuem nos roubando porque, primeiro, estão os pobres”, disse à AFP Soledad Hernández, dona de casa de 23 anos, que veio de uma comunidade do estado de Oaxaca (sul).

“Já ganhou! Já ganhamos! Os outros governos deixaram um desastre na questão da segurança e com este governo, gostem ou não, o país avançou”, afirmou Donovan Juárez, comerciante de 20 anos. Os apoiadores usavam faixas presidenciais com o nome da candidata.

Enquanto isso, em um coliseu na próspera cidade industrial de Monterrey (nordeste) se reuniram os apoiadores de Xóchitl Gálvez, senadora e empresária de centro-direita e de raízes indígenas.

“Xóchitl tem as melhores propostas, uma visão de futuro muito diferente para os jovens. Não apenas o que o México precisa agora, mas no futuro”, declarou à AFP Cindy Cavazos, funcionária pública de 25 anos.

“Se Claudia ganhar, vai continuar com o mesmo de López Obrador, que tem o México afundado, quer transformá-lo em outra Venezuela, e não vamos permitir”, disse Bertha Díaz, dona de casa de 71 anos.

O centrista Jorge Álvarez Máynez (Movimento Cidadão) encerrará sua campanha com um comício em um auditório central da capital mexicana.

– Sheinbaum lidera –

Foram quase 90 dias de eventos oficiais, marcados pelo assassinato de candidatos a cargos locais e trocas de farpas entre a esquerdista Sheinbaum e Gálvez.

Segundo o governo, desde o início do processo eleitoral, em setembro de 2023, foram assassinados 22 candidatos. A organização Data Cívica, no entanto, contabiliza 30 vítimas fatais.

O balanço aumentou na terça-feira com o assassinato de um candidato a prefeito no estado de Morelos (centro).

As intenções de voto, no entanto, permaneceram inalteradas, segundo uma pesquisa publicada na terça-feira pelo jornal El Universal, que atribui 54% a Sheinbaum, contra 34% para Gálvez e 12% para Máynez.

“Vamos vencer em 2 de junho e vamos continuar com a transformação do nosso país”, afirmou Sheinbaum na terça-feira, durante um comício no estado de Guanajuato (centro), um dos mais afetados pela violência do crime organizado.

A candidata fez referência à “Quarta Transformação”, o projeto do atual presidente Andrés Manuel López Obrador, que tem índice de aprovação de 66% e participou ativamente na campanha de Sheinbaum.

– Gálvez acredita na vitória –

Gálvez, senadora de origem indígena e candidata de uma coalizão dos partidos tradicionais PRI, PAN e PRD, era esperada em Monterrey.

O comício acontece uma semana depois do desabamento do palco durante um evento do Movimento Cidadão na cidade, uma tragédia que deixou nove mortos e dezenas de feridos.

Depois, Gálvez, 61 anos, planeja viajar para Tepatepec, sua cidade natal no estado central de Hidalgo, para realizar um “encontro com cidadãos” perto da meia-noite, segundo sua agenda oficial.

“Estou convencida de que nesta eleição há um voto oculto muito importante”, declarou Gálvez na terça-feira, confiante de que a grande vantagem de Sheinbaum não existe. “O ânimo das pessoas diz outra coisa”.

Quase 100 milhões de mexicanos – de uma população de 129 milhões – estão registrados para votar na eleição de turno único, vencida por maioria simples. Não há reeleição no México.

Pouco mais de 20 mil cargos, incluindo as cadeiras no Congresso e nove de 32 governadores, estão em disputa.

O partido governista Morena (Movimento Regeneração Nacional) tenta ampliar a maioria simples que possui nas duas Câmaras Legislativas, assim como defender o seu reduto, a Cidade do México, com Clara Brugada na disputa da prefeitura contra o direitista Santiago Taboada.

Mais de 27 mil militares e agentes da Guarda Nacional serão mobilizados para garantir a segurança das eleições, anunciou o governo.

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