Campanha presidencial em Taiwan chega à reta final

Campanha presidencial em Taiwan chega à reta final

Os dois principais aspirantes à presidência de Taiwan realizam seus últimos comícios eleitorais nesta sexta-feira, na véspera de um pleito acompanhado de perto por Pequim, que continua a considerar a ilha parte de seu território.

Aproximadamente 19 milhões de eleitores escolherão no sábado entre a atual presidente Tsai Ing Wen e seu principal adversário, Han Kuo yu.

Esses dois candidatos têm duas visões divergentes do futuro de Taiwan e de suas relações com a China. Pequim, principal parceiro comercial da ilha, considera Taiwan uma de suas províncias, e jurou retomar seu controle algum dia, à força se for necessário.

A presidente Tsai Ing Wen, candidata à reeleição, se apresenta como protetora dos valores democráticos frente ao autoritarismo da China. “Eleger Tsai Ing Wen significa eleger nosso futuro e defender a democracia e a liberdade”, declarou na sexta-feira à imprensa Tsai, de 63 anos.

Seu principal adversário, Han Kuo yu, se concentra nas boas relações com Pequim, destacando os benefícios econômicos que poderia levar à ilha. “Queremos uma mudança, a felicidade, a prosperidade e o orgulho para o povo de Taiwan”, disse em comício.

– Tsai, favorita –

Há dez dias, as pesquisas estão proibidas. Até então, Tsai parecia se beneficiar de uma vantagem confortável sobre seu rival.

“Para que Han ganhe seria necessária uma grande mudança em relação às últimas pesquisas”, explica Shelley Rigger, especialista sobre Taiwan na Davidson College da Carolina do Norte, EUA.

Pequim nunca escondeu seu desejo de que Tsai deixasse o poder. O mesmo vale para sua formação, o Partido Democrático Progressista (PDP), que tradicionalmente defende a independência, rejeita o princípio de unidade da ilha e do continente dentro de uma mesma China.

Desde sua eleição, há quatro anos, Pequim não deixou de endurecer o tom. A China rompeu todas as comunicações oficiais com o governo de Taiwan e intensificou as pressões econômicas e os exercícios militares.

– Virada de jogo –

A China também tirou da ilha sete de seus aliados diplomáticos, com a esperança de que esta política leve os eleitores a punirem Tsai nas urnas.

Contudo, a campanha eleitoral parece ter se voltado contra Pequim, especialmente quando Xi pronunciou no ano passado um discurso belicoso, classificando a assimilação como “inevitável”.

Os eleitores também acompanharam com preocupação a recusa de Pequim de atender às demandas dos manifestantes em favor da democracia em Hong Kong e a política repressiva da China em relação aos muçulmanos uigures.

Esse foi um medo do qual Tsai conseguiu tirar proveito, o que lhe permite agora ser favorita. Essa situação era impensável há um ano, quando as pesquisas só apontavam o partido de oposição Kuomintang, que ganhou terreno nas eleições locais.

Os analistas afirmam que este sucesso se deve à forma como Taiwan conseguiu se posicionar favoravelmente na guerra comercial sino-americana e à maneira como Tsai se beneficiou da crise de Hong Kong.