Ela é conhecida como a “Diva do Carimbó Chamegado” e ele o “Rei do Carimbó Moderno”. Juntos, Dona Onete e Pinduca estão entre os maiores artistas na ativa de Carimbó – ritmo e dança que são marcas registradas do Pará. Mas numa versão contemporânea, com a utilização de instrumentos eletrônicos.

Antes do pandemia de Covid-19, nossa equipe esteve em Belém do Pará e conversou com o Pinduca na casa dele. Durante a entrevista, o artista, considerado o grande responsável pela modernização do Carimbó, contou sobre sua trajetória profissional, desde o preconceito que sofria, no início dos anos 70, até a indicação de seu álbum para o Grammy Latino, em 2017: “O Carimbó era rejeitado na sociedade, ninguém aceitava. O Carimbó era uma pornografia perante a sociedade. Nessa época, a minha banda tocava twist, tocava rock. Aí espalhou o boato. O Pinduca tá tocando um tal de Carimbó. Eu peguei vaia, jogaram cerveja na cara, só porque eu estava tocando o Carimbó moderno”.

A reportagem conta ainda com a participação da cantora carioca Eliana Pittman, que nos anos 70 regravou alguns dos Carimbós mais conhecidos de Pinduca. “ O que mais me encantou na música dele foi a pureza, a simplicidade e o swing. O Carimbó é swing. Eu adoro! Tem aqueles tambores que eles fazem lá e a gente conseguiu pegar a essência no contrabaixo. Isso é o que me encantou! Porque eu sou uma pessoa que gosta de trabalhar com os ritmos.”, disse Eliana durante a entrevista.

Uma cantora que também colocou a guitarra no Carimbó foi Dona Onete, que há dez anos faz sucesso na cena musical brasileira. Lançada ao estrelato, em 2012, depois da participação no filme “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios”, Dona Onete já está no terceiro álbum “Rebujo” (2019). “Eu acho que é estilizar um pouco, de ser o Carimbó, mas dando mais uma fluência, um sabor diferente”, contou Dona Onete.

Para mostrar as “outras batidas de Carimbó”, em contraponto ao Carimbó mais tradicional chamado de “Pau e Corda”, o programa mostra ainda a história de um dos Carimbós mais conhecidos e que ganhou destaque nacional na voz de Fafá de Belém, no disco de estreia como cantora, em 1975. “Este rio é minha rua” é uma composição da dupla considerada uma das mais importantes na música popular paraense – Ruy Barata e Paulo André Barata, pai e filho. Ruy é autor da letra e um dos maiores poetas amazônicos. Se estivesse vivo teria completado 100 anos em 2020.

“A música “Este rio é minha rua” foi feita de encomenda para um filme chamado “Brutos Inocentes” (1974), do cineasta paraense Líbero Luxardo. E aí a Fafá de Belém quando ouviu disse, eu quero gravar essa música! “, contou Tito Barata, jornalista e filho do poeta Ruy Barata.

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O Caminhos da Reportagem mostra a história desse carimbó e também uma parte da obra de Ruy Barata, na poesia e na música brasileira. “Ruy Barata indiscutivelmente é o maior poeta amazônico. Eu digo que é o maior poeta porque nem toda poesia pode ser musicada, e nem toda letra de música, é poesia. E Ruy, com maestria, era o grande poeta, com música, ou sem a música”, disse Fafá de Belém.

O programa Caminhos da Reportagem vai ao ar neste domingo (11), às 20h, na TV Brasil.

A íntegra do Caminhos da Reportagem fica disponível no site do programa.


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