Caminhonetes e veículos utilitários serão os destaques no Salão do Automóvel de Detroit, numa mostra da preferência americana por modelos grandes.

Os dados de vendas de carros em 2017 indicam que esses modelos atingiram seu maior volume de demanda no mercado americano.

Neste contexto, a agenda do Salão 2018, que começa neste domingo, em Detroit, mostra que os fabricantes esperam que esse também seja um ano generoso.

“Realmente, estão acompanhando o que vende no momento”, disse Randy Miller, especialista da Ernst & Young para o setor automotivo e de transporte.

Miller apontou que as margens de lucros com grandes modelos tornam o rendimento dos automóveis menores quase insignificantes.

Entre as ofertas mais esperadas, estão os novos modelos de caminhonetes Chevrolet Silverado e Ram 1500, que em 2017 só foram superados em vendas pelos modelos da série F da Ford.

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Os organizadores esperam que o Salão deste ano atraia cerca de 700 mil visitantes. Após alguns dias aberto apenas à imprensa, o evento será aberto ao público entre 20 e 28 de janeiro.

A reunião em Detroit acontece poucos dias depois da CES, gigante feira de eletrônicos em Las Vegas, que, neste ano, incluiu representantes da indústria automotiva no setor dos carros elétricos.

“Várias fabricantes adiantaram seus produtos e mostraram suas tecnologias no CES”, disse Matt DeLorenzo, editor da Kelley Blue Book. Para ele, o evento de Detroit será uma forma de dizer “vamos voltar ao nosso e mostrar o que está vendendo”.

– Cautela –

Contudo, analistas apontem que o mercado está cauteloso, já que em 2017 as vendas caíram pela primeira vez desde 2009, com uma redução de 1,5%, a 17,2 milhões de unidades.

Para a indústria, essa queda não foi trágica, considerando que os anos de “boom” depois da crise de 2008 tinham que acabar em algum momento. E as vendas continuaram acima dos 16 milhões, um número significativo.

Mas a redução coincide com a preocupação da indústria diante das negociações para atualizar o Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), que reúne Estados Unidos, Canadá e México.

As ações da GM e da Ford sofreram quedas nesta quarta-feira, por causa de rumores de que a Casa Branca considera a possibilidade de deixar o acordo.

Para Joe Wiesenfelder, editor do site especializado cars.com, “os fabricantes estão atentos a potenciais mudanças em políticas comerciais, ou no Nafta”.

– Futuro elétrico –

O mercado está ansioso para avaliar os novos modelos da Ram 1500 e a Chevrolet Silverado.


“Não parece que veremos grandes novidades, mas as poucas que temos são significativas”, disse Wiesenfelder.

Outras marcas estão dispostas a apostar em modelos intermediários entre caminhonetes e carros de família.

É o caso de algumas como Acura, BMW e Mercedes, embora a Ford também possa relançar o modelo Ranger, que deixou de oferecer há alguns anos, em 2011.

Entre os modelos sedã, espera-se uma nova versão do Toyota Avalon e do Volkswagen Jetta, assim como ofertas da Kia e da Hyundai.

Mas esses modelos tradicionais não parecem atravessar um bom momento nos Estados Unidos. Eles representaram apenas 36% do mercado no ano passado, contra 50% en 2012.

Para os analistas, há vários fatores que beneficiam os grandes modelos, além do período de preços da gasolina relativamente baixos.

“A pessoa sente que está no controle da situação, sobretudo se há outras caminhonetes e SUVs ao redor”, afirmou DeLorenzo. “Elas querem ser altas, como os outros, não estar sentado bem baixo em um carro tradicional”.

O Salão de Detroit deve incluir a apresentação de um único modelo elétrico ou híbrido, o protótipo Honda Insight.

Para DeLorenzo, “isso quer dizer que o futuro elétrico do qual todos estão falando possivelmente ainda está longe”.


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