Caminhoneiros bloquearam parcialmente várias rotas no Chile nesta quinta-feira (27) para protestar contra o aumento de ataques, especialmente na região de Araucanía, no sul, onde se intensificou um conflito histórico de terras entre os indígenas Mapuche e o Estado.
Os motoristas estacionaram seus caminhões em vários pontos da rodovia que liga o norte ao sul do Chile, e na Rota 68, que liga Santiago à cidade de Viña del Mar – cerca de 140 km a noroeste da capital. Eles só liberam o trânsito esporadicamente, pelo que verificou um jornalista da AFP.
Diversos sindicatos de caminhoneiros convocaram uma paralisação após uma série de ataques nas últimas semanas na região de Araucanía, cerca de 600 km ao sul de Santiago, foco de tensão constante devido às reivindicações de terras por comunidades indígenas Mapuche.
“Pedimos segurança, não só para os caminhoneiros, mas para todos os chilenos”, disse José Villagrán, presidente da Federação de Caminhoneiros do Sul, à Televisão Nacional do Chile. Ele garantiu que o protesto não interromperá o abastecimento do país.
Os motoristas pressionam para, entre outras medidas, a aprovação de uma lei que iguale a pena para um ataque à cabine de um caminhão àquela aplicada por um ataque similar a uma casa, e que proporcione maior segurança no transporte.
“Eles queimam nossos caminhões, roubam nossos caminhões, isso é um problema social. Nosso problema é a insegurança e queremos que seja aprovada uma legislação sobre isso”, disse à AFP Octavio Viggio, um caminhoneiro que estava estacionado na Rota 68.
No contexto do conflito de terras, alguns grupos radicais Mapuche assumem ataques a caminhões e máquinas florestais, mas também há denúncias de autoataques e encenações.
“Esta greve não é contra o povo Mapuche, mas sim contra as más políticas do governo que nos colocam no meio de um conflito com o qual não temos nada a ver”, disse o caminhoneiro Pedro Galea.
No fim de semana, uma menina de 9 anos que viajava com sua família foi baleada em um atentado contra um caminhão em Araucanía. Em seguida, os criminosos fizeram os ocupantes do veículo descerem antes de incendiá-lo e montaram barricadas na estrada, segundo a polícia.
O subsecretário do Interior, Juan Francisco Galli, disse compartilhar “a preocupação com a segurança, especialmente na macrozona do sul, expressa por aqueles que se dedicam ao transporte de cargas”.
No entanto, acrescentou: “A paralisação dos caminhoneiros em nada resolve esses problemas. A solução será baseada no diálogo sem ameaças, sem extorsão e sem ultimatos”.