Centenas de caminhões e viajantes continuam retidos nesta terça-feira (12) na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão, quase uma semana após o encerramento da principal passagem entre os dois países, provocado por um tiroteio.

A troca de tiros entre as forças afegãs e paquistanesas ocorreu em 6 de setembro no cruzamento da fronteira em Torkham, devido a um desentendimento sobre a construção de um posto de segurança do lado afegão.

Cada lado acusou o outro de iniciar as hostilidades. Desde então, os dois governos têm discutido as condições para a reabertura da passagem, mas sem chegar a acordo.

O lado paquistanês da fronteira estava deserto na segunda-feira. Os mercados e escritórios fecharam e as pessoas que esperam entrar no Afeganistão buscam refúgio nas mesquitas da região.

Jamal Nasir, um funcionário da província de Khyber Pakhtunkhwa, disse à AFP que cerca de 1.300 veículos, entre eles muitos caminhões, aguardavam a reabertura da fronteira na estrada.

“Os caminhões que transportavam frutas e legumes tiveram que voltar, porque os seus produtos estavam podres ou prestes a apodrecer”, explicou o homem.

Ghani Gul, um afegão de 55 anos, foi à cidade paquistanesa de Peshawar para tratar o olho e está esperando há seis dias para voltar para casa.

“Estou preso aqui e não tenho mais dinheiro”, disse o afegão. “Porque tenho que ser submetido a este fechamento da fronteira? Ambos os países deveriam fazer o que quiserem, mas pelo menos deixar a fronteira aberta para as pessoas comuns”, lamentou.

A cidade de Torkham, localizada a 180 km de cada capital, é um importante local de comércio entre os dois países.

O Afeganistão exporta carvão para o Paquistão, que por sua vez exporta alimentos e produtos diversos.

As tensões entre os dois países vizinhos pioraram desde o regresso dos talibãs ao poder no Afeganistão, em agosto de 2021.

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