A cantora Camila Cabello lançou nesta sexta-feira, 8, seu terceiro álbum da carreira solo: “Familia”. Em 12 faixas, ela mostra por que descreve este disco como o mais pessoal da trajetória que iniciou aos 15 anos, quando participou do “The X Factor” e se tornou conhecida mundialmente com a girlband Fifth Harmony.

“Família” é um livro – ou diário – aberto, que libera acesso aos pensamentos e sentimentos mais íntimos como insegurança, ciúmes e desejo por alguém. Em alguns momentos, as músicas se tornam tão honestas que fazem o ouvinte se questionar se realmente deveria estar escutando aqueles versos ou se seria um mero intruso.

Ao mesmo tempo, o álbum é um passaporte para uma jornada de resgate das raízes da cantora. Em um disco chamado “Familia”, nada mais lógico que buscar referências musicais na própria história. Nascida em Cuba, Camila se mudou para os Estados Unidos aos seis anos de idade com a mãe, cubana, e o pai, mexicano. Ele, inclusive, canta um dos versos de “La Buena Vida”, uma das faixas do álbum. A prima, Caro, também tem vocais em uma das canções, “Celia”. Tudo em família.

A influência latina já estava presente nos dois primeiros singles do álbum, “Don”t Go Yet”, e “Bam Bam”, parceria com Ed Sheeran. Esta segunda foi a última música feita para o álbum e já indicava que, apesar de recente, o término do namoro com Shawn Mendes também faria parte das canções.

As músicas trazem uma Camila aparentemente muito consciente de si mesma, das suas qualidades e defeitos, e carregando questionamentos que surgiram quando, com a pandemia, ela se viu obrigada a dar uma pausa pela primeira vez em anos de carreira.

O terceiro single do álbum, “Psychofreak”, é uma colaboração com a cantora WILLOW e deve ganhar clipe ainda nesta sexta-feira. Esta é uma das músicas mais introspectivas do álbum e mostra Camila se questionando sobre amor, amizade, carreira – e sanidade mental.

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Psychofreak também traz os primeiros versos da cantora sobre o Fifth Harmony, grupo que deixou em 2016. “Estou nesta jornada desde que tinha quinze anos, não culpo as meninas pelo que aconteceu”, canta Camila, uma das atrações do Rock in Rio 2022.

Fazendo jus ao tema do álbum, a faixa “Lola” – uma parceria com o cantor cubano Yotuel, compositor de “Patria y Vida”, música que se tornou um hino da oposição ao governo de Cuba em 2021 – é inspirada na mãe de Camila, que era arquiteta no país de origem e, ao se tornar imigrante nos Estados Unidos, virou vendedora de uma loja de departamentos para conseguir ajudar a família.

Nesta música, ela canta sobre uma mulher – ou várias, representadas em uma só – que precisa superar inúmeros obstáculos para realizar os sonhos e, ao ver o quão difícil é a missão, vai se tornando uma outra versão de si mesma. “Ninguém está ouvindo, então ela não vai falar. Todos aqueles sonhos se dissipando devagar”, diz um dos versos.

As demais faixas falam sobre um relacionamento amoroso com início, meio e fim. A primeira fase do namoro – o nervosismo, o desejo e a paixão – é retratada em “Quiet” e “Celia”. O meio – quando as diferenças se tornam evidentes e surgem sentimentos como o ciúme, é descrito em detalhes nas faixas “Hasta Los Dientes”, com inspiração disco e anos 80, uma colaboração com a argentina Maria Becerra, e “No Doubt”.

Em “Boys Don’t Cry”, Camila canta sobre alguém que tem dificuldade de se mostrar vulnerável e traz uma reflexão sobre masculinidade. A música que encerra o álbum, “Everyone at this party”, é sobre o fim deste relacionamento e o dilema entre querer ou não reencontrar aquela pessoa.

Ao olhar para a sua história e relembrar a sua identidade, Camila se encontrou. “Familia” é o melhor dos três álbuns da carreira solo da cantora e mostra a força que a honestidade e a vulnerabilidade de um artista podem ter quando se deixam transparecer.


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