James Cameron, diretor do filme “Titanic” (1997) e um experiente explorador das profundezas do mar, disse que muitos avisos sobre a segurança do submersível que implodiu próximo ao famoso navio foram ignorados, resultando na morte de cinco pessoas.

Cameron afirmou que a pequena embarcação havia causado grande preocupação na comunidade de exploração oceânica, e destacou as semelhanças entre a tragédia e o naufrágio do enorme transatlântico em 1912, que causou cerca de 1.500 mortes.

“Estou impressionado pela semelhança com o desastre do Titanic, cujo capitão foi alertado várias vezes sobre o gelo em frente ao navio e, mesmo assim, acelerou em alta velocidade em direção a um campo de gelo numa noite sem lua, levando à morte de muitas pessoas”, declarou Cameron ao canal americano ABC News.

“E o fato de uma tragédia muito similar, em que se fez pouco caso dos alertas, ter ocorrido exatamente no mesmo lugar, com toda a exploração submarina que está ocorrendo no mundo todo, é simplesmente surpreendente (…) É bem surreal.”

A Guarda Costeira dos Estados Unidos confirmou nesta quinta-feira (22) que o submersível, operado pela OceanGate Expeditions, sofreu “uma catastrófica implosão” nas profundezas do oceano, encerrando uma operação multinacional de busca e resgate que cativou o mundo.

Cameron, que em 2012 se tornou a primeira pessoa a chegar ao ponto mais profundo do oceano, em um submarino projetado por ele, ressaltou que o risco de implosão devido à pressão sempre estava “em primeiro lugar” na mente dos engenheiros.

“É o pesadelo com o qual todos nós convivemos” nesse campo de exploração, disse ele, e destacou as normas de segurança da indústria ao longo das últimas décadas. “Muitos na comunidade estavam muito preocupados com esse submersível”, acrescentou.

“Várias figuras importantes na comunidade de engenharia de mergulho profundo até escreveram cartas para a empresa dizendo que eles estavam sendo muito experimentais ao transportar passageiros e que precisavam ser certificados.”

A bordo do submarino estavam o bilionário britânico Hamish Harding, o empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho Suleman, ambos também cidadãos britânicos, o experiente mergulhador francês Paul-Henri Nargeolet e Stockton Rush, CEO da OceanGate Expeditions, que cobrava US$ 250 mil (R$ 1,19 milhão, na cotação atual) por turista.

Cameron mencionou sua amizade de 25 anos com Nargeolet, um grande especialista no naufrágio do Titanic. “É quase impossível para mim processar que ele tenha morrido dessa forma trágica”, afirmou.

O diretor visitou os destroços do Titanic enquanto filmava seu épico filme de 1997, estrelado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, que ganhou 11 prêmios Oscar.

“Conheço muito bem o naufrágio. Na verdade, de acordo com meus cálculos, passei mais tempo no navio do que o próprio capitão na época”, contou.

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