Na ata divulgada na manhã desta terça-feira, 6, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) informou que mudou sua premissa para o câmbio, de R$ 3,25 do documento anterior para R$ 3,20 no de hoje. A cotação é utilizada para a formação do cenário de referência.

Com isso, o novo valor considerado para o dólar segue próximo do negociado no dia em que o colegiado decidiu manter a Selic de 14,25% ao ano mais uma vez. Na quarta-feira passada, dia 31, o dólar à vista fechou cotado a R$ 3,2268.

O realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais – via alta do dólar – era apontado pelo BC na gestão de Alexandre Tombini como um dos principais fatores de pressão para a inflação no curto prazo ao longo de todo o ano passado, ao lado do ajuste de preços administrados ou monitorados pelo governo.

Em 2016, com um dólar mais baixo ante o real, há certo alívio na inflação. Isso ocorre embora o BC comandado por Ilan Goldfajn ressalte, em suas comunicações, que não existe uma “âncora cambial” para a inflação e que, ao contrário, a instituição obedece ao sistema de metas inflacionárias, cuja ferramenta para controle de preços é a política monetária (taxa Selic).

Flexibilização monetária

A ata divulgada nesta terça-feira repetiu o comunicado divulgado após a decisão da semana passada em manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano, ao avaliar que a flexibilização das condições monetárias dependerá de fatores que permitam maior confiança no alcance da meta para a inflação de 4,5% para 2017. Até a reunião anterior, de julho, o colegiado afirmava categoricamente que o balanço de riscos indicava não haver espaço para essa flexibilização.

Entre os fatores agora listados pelo Copom como condições para que possa haver mudança na taxa Selic, está uma combinação de variáveis domésticas, cuja evolução será avaliada pelo colegiado.

Assim como no comunicado da semana passada, a ata cita como parte dessas condições, que a persistência dos efeitos do choque de alimentos na inflação seja limitada, que os componentes do IPCA mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica indiquem desinflação em velocidade adequada, e que ocorra redução da incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia – incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal.

Ainda assim, o Copom afirmou que a avaliação dos impactos da evolução desses fatores sobre as perspectivas para a inflação envolverá julgamentos sobre as evidências disponíveis. “Não há fator que seja determinante por si só para as decisões de política monetária. Em outras palavras, nenhum dos fatores constitui condição necessária ou suficiente para uma flexibilização das condições monetárias”, completa o documento.