ROMA, 8 JUN (ANSA) – A Câmara dos Deputados na Itália viveu uma manhã de caos nesta segunda-feira (8) durante o debate da nova lei eleitoral para o país. Por conta do clima de acusações e de tensão, a sessão foi suspensa e deve ser retomada apenas à tarde.   

O projeto apresentado pelo deputado Emanuele Fiano, do Partido Democrático, foi fruto de um mega acordo entre os quatro maiores partidos da Itália: PD (centro-esquerda), Movimento Cinco Estrelas (M5S, antissistema), Força Itália (direita) e Liga Norte (extrema-direita). No entanto, durante a votação de uma das mais de 200 emendas ao projeto, o “acordo” já perdeu força. Como a votação era secreta, a orientação das quatro siglas era de votar “não” na proposta de emenda apresentada que fazia uma reforma também nos colégios eleitorais da região autônoma do Trentino Alto-Ádige.   

Na proposta original, a região ficava de fora, mantendo o atual processo de voto utilizado no local. No entanto, o “pacto” foi para o espaço quando o resultado foi divulgado: foram 270 votos favoráveis à mudança, 256 contrários e uma abstenção.   

Com isso, a confusão foi instaurada. O partido do governo acusou o M5S de “trair” o acordo; já os “grilinos” se defenderam mostrando que gravaram seus votos com os celulares. A confusão ficou ainda pior quando, por uma “falha”, foi divulgado uma tabela com os votos de acordo com a posição de cada um no plenário – o que comprovava que muitos membros do M5S votaram a favor da medida.   

Por conta do clima acirrado, a sessão foi suspensa por algumas horas.   

“A lei eleitoral está morta e os 5 Estrelas a mataram”, disse o relator do projeto, acrescentando que os “irresponsáveis derrubaram a lei eleitoral por conta do Trentino”.   

Por sua vez, um dos deputados do M5S, Danilo Toninelli, culpou o PD pela aprovação da medida. “PD e a maioria não devem pensar em se afastar da responsabilidade. Eles tem mais de 300 deputados.   

Se há alguém responsável, são eles”, disse Danilo Toninelli.   

“Nós temos muito clara a operação que o M5S fez para fazer fracassar a lei eleitoral. Nós vimos. Era só eles terem dito logo que não poderiam cumprir sua palavra. No blog eles diziam que a lei estava indo bem e, ao invés disso, eles a fizeram cair por uma coisa que não muda nada”, disse o líder da base democrata, Ettore Rosatto.   

Agora, os partidos que fecharam o acordo avaliam se o projeto deve ser levado adiante na votação.   

A nova lei eleitoral italiana tem como base o “modelo alemão” nas eleições, com algumas modificações para se adequar à Constituição do país. Os debates sobre o projeto começam hoje e, a votação final, deve ocorrer na primeira quinzena de julho. Atualmente, a Itália tem duas leis eleitorais distintas: uma para a Câmara, um sistema proporcional com prêmio de maioria, e outra para o Senado, o proporcional puro. Isso aconteceu por conta do referendo proposto pelo então premier Renzi ter sido derrotado em dezembro do ano passado. A princípio, as eleições no país estão marcadas para 2018. (ANSA)