ROMA, 30 OUT (ANSA) – A Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovou na noite desta terça-feira (29) uma resolução que reconhece o ataque a armênios pelo Império Turco-Otomano durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) como genocídio.
A questão é altamente sensível e ocorre em meio à deterioração das relações entre o país e a Turquia, depois da ofensiva deflagrada contra a minoria curda na Síria. O governo turco rejeita a classificação de genocídio. A resolução garantiu 405 votos a favor e somente 11 contra. Esta é a primeira vez em 35 anos que uma lei desse tipo recebe apoio dos dois partidos. O pré-candidato democrata à Presidência, Joe Biden, disse que a votação honrou a memória das vítimas. O Império Turco-Otomano é acusado de cometer genocídio contra os armênios a partir de 1915. O número total de mortos é desencontrado. Os armênios dizem que 1,5 milhão morreu. Já a Turquia estima que o total de vítimas seja de 300 mil.
Segundo a Associação Internacional de Acadêmicos de Genocídio (IAGS), o número de mortos é de “mais de um milhão”.
A decisão provocou uma polêmica entre os Estados Unidos e a Turquia. O presidente Recep Tayyp Erdogan afirmou que o reconhecimento “não tem nenhum valor” e que seu Parlamento dará uma resposta. Segundo a imprensa local, citando fontes, o ministério das Relações Exteriores da Turquia convocou o embaixador americano em Ancara, David Satterfield, para protestar contra a “decisão sem fundamentos jurídicos adotada pela Câmara de Representantes”. Além disso, a convocação estaria relacionada à aprovação de um texto que prevê punições contra autoridades turcas referentes à ofensiva na Síria. O governo turco enfatiza que a decisão não está de acordo com a aliança da Otan entre os dois países e com o tratado sobre a trégua na Síria firmado pelo vice-presidente dos EUA, Mike Pence, em Ancara. O genocídio armênio foi reconhecido por cerca de 30 países, incluindo a Itália. Para o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, a atitude norte-americana é “um claro passo em direção à restauração da justiça histórica que confortará milhões de descendentes de sobreviventes do genocídio”. (ANSA)