A Câmara dos Deputados decide nesta quinta-feira, 13, os partidos que vão comandar as principais comissões da Casa em meio à disputa entre PT e PL por posições estratégicas. A reunião está marcada para às 10h.
Os partidos de Lula e Jair Bolsonaro disputaram o protagonismo nas principais comissões, como Saúde, Educação e Relações Exteriores. Esta última é o principal ponto de impasse entre as lideranças.
O PL terá preferência na escolha e tinha como foco emplacar a reeleição para o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Devido a um acordo para garantir a eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB), tanto a CCJ quanto a relatoria do Orçamento ficarão com partidos do Centrão (leia mais abaixo).
Sem a principal comissão da Casa e após a ação do PT para apreender o passaporte do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a legenda virou a chave e passou a focar na Comissão de Relações Exteriores. A tendência é que o partido indique o próprio Eduardo para presidir o colegiado.
Para a escolha das comissões, a Câmara segue a orientação de proporcionalidade das cadeiras de cada partido. Aqueles que têm mais deputados têm preferência nas escolhas. O PL e o PT, as duas maiores bancadas individuais da Casa, têm direito às cinco primeiras escolhas.
O partido de Bolsonaro terá a primeira e a segunda escolha, além do quarto pedido. Já os petistas terão a terceira e a quinta escolha de preferência. As demais comissões devem ser divididas entre os outros partidos.
Seguindo essas classificações, o PL deve emplacar seu nome na CREDN na primeira escolha, mesmo com a resistência do PT. Nos bastidores, alguns deputados admitem que uma comissão será importante para aproximar Eduardo cada vez mais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e usar o colegiado como palco para questionar as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e enfraquecer Lula.
A primeira justificativa, inclusive, é que o PT usa para tentar convencer Hugo Motta a destinar a comissão para outro partido ou, ao menos, nomear outro nome do PL. Um deputado petista disse à IstoÉ que qualquer ação que favoreça o PL na comissão pode azedar a relação de Motta com o STF, indo na contramão do que o novo presidente da Câmara quer seguir. Ele avalia que essa é a única chance de a comissão não parar nas mãos dos bolsonaristas.
A Comissão de Relações Exteriores é uma das mais estratégicas do Congresso Nacional e analisa todos os acordos bilaterais assinados pelo Brasil com qualquer outro país. Na avaliação da cúpula governista, a entrada de Eduardo Bolsonaro na presidência da CREDN poderá enviesar as relações com países como China e Espanha e favorecer outros, como Estados Unidos e Argentina, ambos com presidentes de extrema-direita. Logo nas primeiras sessões deste ano, o colegiado deverá analisar um acordo bilateral entre Brasil e China.
Demais comissões
Por um acordo para a eleição de Hugo Motta, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa, deve ficar entre União Brasil e MDB. A tendência é que o primeiro fique com a comissão, enquanto o segundo assuma a relatoria do Orçamento de 2026.
Já o PT deverá retornar para a Comissão de Educação, enquanto o PL deverá ficar com a Comissão de Saúde, que decidirá o destino da maior fatia do Orçamento do próximo ano. As demais comissões ainda são incógnitas.