Quatro dos 10 vereadores mais votados de São Paulo nas eleições de 2020 deixaram a Câmara Municipal no meio do mandato para assumir outros cargos políticos.

Eduardo Suplicy (PT), que foi o vereador mais votado em 2020, foi eleito deputado estadual, enquanto Delegado Palumbo (MDB), Felipe Becari (União) e Erika Hilton (PSOL) conquistaram vagas na Câmara dos Deputados, em Brasília.

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Ao todo, seis vereadores conquistaram outros cargos eletivos antes do fim de seus mandatos na capital — outros quatro dos 55 eleitos em 2020 também não completam quatro anos na cadeira, mas por outras razões. O site IstoÉ levantou as mudanças que ocorreram no Legislativo paulistano e ouviu um cientista político para entender a razão desse movimento.

Destino dos eleitos

Movimentação eleitoral

Em disputa nas eleições municipais, marcadas para 6 de outubro, o cargo de vereador tem se consolidado como uma espécie de “alavanca” para empreitadas nas eleições gerais. “A forma como a legislação está montada permite a licença desses políticos para se candidatar a cargos ‘mais altos’, o que é um incentivo para que esse problema ocorra”, disse ao site IstoÉ o cientista político Leandro Consentino, professor do Insper.

Ao contrário do que ocorre com um prefeito, que deve renunciar à cadeira no Executivo para disputar outro cargo nas urnas, a legislação eleitoral não estabelece restrições para os parlamentares — que podem se candidatar e, caso não sejam eleitos, retornar à vaga que ocupam sem maiores constrangimentos.

Para os partidos, a aposta também se justifica: os recursos de campanha são investidos em um nome testado nas urnas a nível municipal que, em caso de eleição, engrossa as fileiras da sigla no Congresso, onde o tamanho das bancadas define a distribuição do fundo eleitoral e do tempo de propaganda nas campanhas.

As últimas eleições gerais, em 2022, tiveram 1.106 vereadores na disputa, o que fez dessa a quarta ocupação mais comum entre candidatos, de acordo com os registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Entre os 55 parlamentares paulistanos, 16 participaram do pleito — com seis eleitos.

Mas o sucesso na empreitada se concentrou entre os 10 vereadores mais votados da capital, que foram quatro dos eleitos para outros cargos na ocasião. “O contingente de votos necessário para se eleger em São Paulo faz com que os políticos tenham mais chances nas esferas estadual ou federal”, disse Consentino.

O vereador Delegado Palumbo (MDB) disputou eleições pela primeira vez em 2020, quando obteve 118.395 votos e foi o 3º vereador mais popular da capital. A projeção na atuação municipal o levou para a Câmara Federal, dois anos depois, com 254.898 votos.

“O alto índice de sucesso entre os vereadores que apostam nessa migração demonstra que o eleitor referenda esse movimento”, concluiu o cientista político.