Câmara de Representantes dos EUA decide se recomenda processar ex-chefe de gabinete de Trump

Câmara de Representantes dos EUA decide se recomenda processar ex-chefe de gabinete de Trump

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos planeja votar nesta terça-feira (14) se recomenda processar o ex-chefe de gabinete de Donald Trump, Mark Meadows, por se recusar a testemunhar perante o comitê que investiga o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio.

Tudo indica que os parlamentares vão aprovar o encaminhamento ao Departamento de Justiça de acusações de desacato contra Meadows, que pode se tornar o primeiro chefe de gabinete da Casa Branca a ir a julgamento após deixar o cargo desde H.R. Haldeman no escândalo Watergate há quase 50 anos.

“Não estamos satisfeitos por estar aqui (…) lidando com a recomendação de desacato de um ex-colega nosso”, disse a vice-presidente do comitê, Liz Cheney, republicana, aos legisladores.

“Entendemos que é um assunto sério e é um passo que não daríamos se não fosse necessário”, acrescentou.

Meadows, que foi congressista por sete anos antes de ingressar na equipe de Trump em 2020, se recusa a cumprir uma intimação para comparecer perante o comitê da Câmara que investiga o ataque ao Capitólio, citando um “privilégio executivo” do ex-presidente Trump.

Essa defesa, que em teoria só se aplica a presidentes em exercício que buscam manter conversas delicadas com seus assessores em sigilo, já foi rejeitada por uma corte federal de apelações.

E o comitê, que votou na noite de segunda-feira para seguir adiante no caso de desacato, diz que está buscando respostas sobre mensagens de texto e outras comunicações que Meadows já reconheceu não serem privilegiadas.

Os investigadores afirmam que Meadows não pode invocar o direito de permanecer calado, já que este ex-congressista conservador publicou um livro de memórias na semana passada em que menciona eventos ocorridos em 6 de janeiro e conversas com Trump.

Ele também falou diversas vezes sobre o ataque em aparições no horário nobre na rede de televisão a cabo Fox News, ligada aos republicanos.

Os legisladores investigam os esforços de Trump para reverter os resultados da eleição presidencial de 2020 por meio de uma campanha que degenerou em uma invasão de seus seguidores ao Capitólio para impedir a certificação da vitória do presidente democrata Joe Biden, e se Meadows o ajudou.

– “Suprema violação do dever” –

Durante a audiência de segunda-feira, Cheney leu mensagens enviadas freneticamente a Meadows durante o ataque por parte de âncoras da Fox News e também pelo filho do presidente, Donald Trump Jr.

Cada um deles implorou a Meadows, sem sucesso, para que Trump pedisse que seus apoiadores parassem com a violência.

“Precisamos de uma diretriz do Salão Oval. Ele tem que liderar agora. Isso foi longe demais e saiu do controle”, disse Trump Jr. a Meadows.

As mensagens deixavam claro que, ao contrário do que afirmavam desde 6 de janeiro, integrantes do círculo íntimo do ex-presidente ficaram alarmados com a violência e sabiam que se tratava de um desastre político e uma catástrofe para o país.

Cheney descreveu os textos como uma evidência da “suprema violação do dever” de Trump durante seus 187 minutos de inação durante o ataque ao Capitólio.

Além disso, disse que o testemunho de Meadows deveria abordar “outra questão-chave” para o comitê: “se Donald Trump, por ato ou omissão, de forma corrupta tentou obstruir ou impedir o processo oficial do Congresso para contar os votos eleitorais”.

Se a Câmara recomendar ações contra Meadows, o Departamento de Justiça decidirá se processará ou não o ex-congressista republicano.

Os promotores acusaram o ex-estrategista da Casa Branca Steve Bannon de desacato ao Congresso menos de um mês depois de a Câmara votar para encaminhar seu caso à justiça.

No entanto, a decisão de Meadows pode ser menos direta do que o caso de Bannon, que não trabalhava para a administração Trump na época da insurreição.

Uma corte federal de apelações rejeitou na semana passada a tentativa de Trump de impedir o comitê de investigação de acessar documentos e depoimentos de ex-conselheiros da Casa Branca. Também concordou com um tribunal inferior em que Trump não havia fornecido nenhum motivo para sigilo. O ex-presidente tem duas semanas para apelar.

O advogado de Meadows, George Terwilliger, disse em um comunicado que a recusa de seu cliente em cooperar não significa falta de cooperação, mas uma tentativa de “honrar” as reivindicações de privilégio de Trump.