WASHINGTON, 02 OUT (ANSA) – O presidente da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Adam Schiff, acusou Donald Trump de obstruir a investigação de impeachment ligada ao “caso Ucrânia”.   

Além disso, a Câmara, controlada pelo Partido Democrata, de oposição, ameaçou emitir mandados de comparecimento se o governo não enviar os documentos solicitados e não autorizar depoimentos até a próxima sexta-feira (4).   

“Se o presidente Donald Trump e o secretário de Estado Mike Pompeo tentaram atrapalhar as investigações, isso será considerado uma prova do crime de obstrução”, disse Schiff.   

Trump é investigado por ter pedido para o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apurar um caso envolvendo Joe Biden, pré-candidato democrata à Casa Branca.   

A solicitação ocorreu no dia 25 de julho, e a suspeita é de que o republicano tenha abusado de seus poderes para pedir ajuda estrangeira contra um adversário político. O caso diz respeito à pressão feita pelo então vice-presidente Biden em 2016 para a Ucrânia demitir um procurador acusado de corrupção, mas que na época investigava uma empresa que tinha seu filho, Hunter Biden, como conselheiro.   

Trump também teria solicitado ajuda da Austrália e da Itália para investigar as origens do inquérito sobre a interferência russa nas eleições de 2016. “Os pedidos feitos [pela Câmara] violam de maneira profunda a separação de poderes. Responderemos à nossa obrigação constitucional, mas não toleraremos intimidações”, disse Pompeo, que está na Itália, em resposta aos ultimatos.   

O secretário, que participara do telefonema entre Trump e Zelensky, proibiu cinco dirigentes do Departamento de Estado de prestarem depoimento na Comissão de Inteligência.   

Russiagate – A investigação do FBI sobre o “Russiagate” teve início após diplomatas australianos terem informado que Moscou havia oferecido à campanha de Trump informações prejudiciais sobre Hillary Clinton.   

Esses funcionários compartilharam a informação com a polícia federal americana após uma reunião com George Papadopoulos, ex-colaborador da campanha do republicano, em maio de 2016. Na ocasião, Papadopoulos disse aos australianos que a Rússia possuía dados comprometedores sobre Hillary.   

Ele afirma ter sido informado sobre o assunto pelo acadêmico maltês Joseph Mifsud, um suposto espião da Rússia que foi visto pela última vez em 2017, quando era professor visitante em uma universidade de Roma. Depois disso, Mifsud desapareceu.   

De acordo com o site americano Daily Beast, o acadêmico pediu proteção à polícia italiana, mas Roma não confirmou essa informação. O mesmo jornal disse que o procurador-geral dos EUA, William Barr, e o procurador encarregado de investigar a origem do “Russiagate”, John Durham, viajaram à Itália e tiveram acesso a um trecho de um depoimento dado por Mifsud.   

Fontes do Daily Beast afirmaram que Pompeo se encontraria com agentes dos serviços de inteligência italianos em sua viagem pelo país europeu. (ANSA)