“Vê bem o que cê vai fazer / Você tá velha pra mudar / Era o que dizia minha cabeça / Mas eu precisava tentar”. Tentou e conseguiu! A mudança da escritora Thalita Rebouças aconteceu a partir de reflexões postas em rimas como essa, que está presente em um dos trechos do seu mais novo livro. Em 2024, a autora lança sua primeira obra dedicada ao universo da mulher madura, escrito após quase 25 anos dedicados ao público infantojuvenil. 

Em ‘Felicidade inegociável e outras rimas’ a autora aborda os conflitos, receios e superações da mulher contemporânea, sua relação com a própria maturidade e quebra de paradigmas e convenções sociais. 

“Felicidade é realmente uma coisa inegociável. E quando a gente vai envelhecendo, a gente entende que felicidade é meio que sinônimo de paz, e paz é tudo que a gente precisa para ser feliz”, define a escritora.

A obra representa um desafio e tanto que a escritora não se negou a enfrentar. Para explorar o novo campo, Thalita precisou sair do mundo fictício ao qual estava acostumada e descrever conflitos e sensações reais. Esse é o primeiro trabalho de não ficção da autora, sendo lançado após duas décadas de seu primeiro best-seller “Fala sério, mãe”, que virou filme em 2017, com produção estrelada por Larissa Manoela e Ingrid Guimarães.

O primeiro passo para essa mudança de público aconteceu a partir da observação das mulheres que, assim como ela, estão em uma fase mais madura da vida, encarando desafios diferentes e desconhecidos.

“Uma proposta muito linda de falar bem da maturidade, de falar bem do envelhecer. Eu acho que a gente xinga tanto o envelhecimento, que a gente esquece que o ‘outro caminho’ é tão horroroso. A gente fica xingando o envelhecimento, que na verdade o envelhecimento é um entendimento que a gente precisa ser feliz e a ter paz. É a paz que deixa a gente feliz”, sugere ela.

Sem imaginar no que suas ideias poderiam se transformar futuramente, Thalita se pôs a questionar os dilemas da mulher madura e descrever, com o humor que lhe é peculiar, as características impostas pelo amadurecimento e – por que não dizer? – velhice. 

“E eu acredito que esse livro vai fazer muitas mulheres se aproximarem delas, com humor. Elas vão rir delas mesmas, elas vão ver que elas não estão sozinhas, através do riso e isso é muito bom”, comemora.

Thalita Rebouças. Imagem/Divulgação.

O canal para escoar essa avalanche de sentimentos, como não poderia deixar de ser, foram as redes sociais, através de vídeos engraçados e irônicos, sem jamais ignorar a seriedade que cada tema carrega em si. 

A repercussão na web foi tão boa que Thalita recebeu a proposta de transformar seus contos e reflexões em livro. 

“Eu não planejei. Eu apenas fui metida nesse mundo menopáusico de uma maneira muito avassaladora. Então, me assustou muito e eu falei ‘caramba, eu tenho esse dom da escrita, né! Por que não escrever para essas pessoas que são mães?’ Muitas são mães das minhas leitoras. Então, já me conhecem por outras vias e por que não falar com elas?”, avaliou a autora. 

Para a obra, foram reunidos mais de 60 textos, em prosa e poesia – ou rimas, como gosta de chamar – nos quais ela faz suas reflexões sobre menopausa, separação, a decisão de não ter filhos, autoestima, feminismo, enteados, relacionamentos abusivos, Carnaval, redes sociais, luto e a paz com o corpo. 

A versão em audiolivro chegou como um presente para a escritora, que se orgulha de ser referência literária para “leitores” com deficiência visual. 

“Felicidade inegociável e outras rimas”, chegou em março às livrarias pela editora HarperCollins. E no dia 11 de abril, a escritora recebe o público para uma noite de autógrafos na Livraria da Vila, Loja Fradique, em São Paulo

A versão da obra em audiolivro, narrada pela autora, será lançada com exclusividade pela Audible, serviço de audiolivros da Amazon.

Thalita Rebouças é carioca, tem 49 anos e soma mais de 2,3 milhões de exemplares vendidos e mais de 20 livros publicados. A escritora é uma das maiores referências para o público infantojuvenil, com obras que viraram peças de teatro e filmes, como Fala sério, mãe (2017), Ela disse, ele disse (2019) e Confissões de uma garota excluída (2021), formando uma geração de leitores.