Seu autoproclamado “califa” os ordenou a “prosseguir com a Jihad”, foram realizados ataques e várias ameaças direcionadas para seus países de origem, mas efetivamente, quantos combatentes do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) ainda restam no Iraque e na Síria?

Existem estimativas muito diferentes, apontam funcionários e especialistas, que explicam a dificuldade de estabelecer um número exato diante da impossibilidade de que especialistas independentes tenham acesso a esses países.

“Em dezembro de 2017, o porta-voz da coalizão dirigida pelos Estados Unidos estimou em 1.000 o número de combatentes do EI que restam na Síria e no Iraque”, apontou a consultora em segurança, Soufan Group.

O porta-voz da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, que luta na Síria e no Iraque contra o EI, o coronel Sean Ryan, considerou “sem importância” a liderança do grupo extremistas, representada por Abu Bakr al-Bagdadi.

“Por hora, em primeiro lugar, buscamos vencer aqueles que ainda restam do EI. Que (Baghdadi) esteja vivo ou não, não tem grande importância”, declarou Ryan em conversa por telefone com jornalistas após a última mensagem atribuída ao líder do grupo e divulgada na quarta-feira, na qual ele pede para continuar a jihad.

“É inútil, e já não estamos realmente preocupados com os comentários da liderança do EI”, acrescentou o porta-voz. “Sua liderança não tem importância”.

O departamento americano de Defesa estimou recentemente que restam entre 15.500 e 17.000 extremistas do EI no Iraque e cerca de 14.000 na Síria, enquanto que observadores da ONU acreditam que haja entre 20.000 e 30.000 combatentes em ambos os países.

Essa incerteza sobre o número exato de combatentes do EI existe desde o nascimento do grupo em 2014.

O EI nasceu de movimentos ofuscados durante anos no Iraque, aos quais se uniram voluntários de toda a região e, mais tarde, do mundo todo. Nessa época os serviços secretos internacionais tinham somente estimativas imprecisas sobre seus efetivos.

– ‘Ninguém sabe’ –

“Atualmente, a principal dificuldade é que não sabemos quantos combatentes morreram nas operações da coalizão, nas russas, iraquianas e turcas”, explicou à AFP Jean-Charles Brisard, presidente do Centro de Análise do Terrorismo, com sede em Paris.

“Os corpos dos jihadistas mortos nesses ataques aéreos continuam em muitos casos sob escombros e ninguém vai buscá-los. E enquanto não tivermos certeza de que estão mortos, eles são considerados vivos”, acrescentou.

Tore Hamming, especialista do jihadismo na European University Institute põe em dúvida o número estimado por especialistas da ONU.

“Não acredito nesse número”, disse à AFP. “Mas acho que também é impossível determiná-lo com precisão. Teria que começar definindo quem são membros ou combatentes do EI. Em 2015 alguns davam o número de 200.000 homens, porque incluíam todas as pessoas que trabalharam na administração do grupo. Esses novos números incluem os que carregam armas ou todos os que trabalham pela causa? Ninguém sabe”.

Outra dificuldade para estabelecer uma estimativa exata é a porosidade na fronteira entre Síria e Turquia. O exército turco reforçou seus controles, mas os contrabandistas locais podem ajudá-los a passar.

“Muitos jihadistas cruzaram clandestinamente a Turquia e continuam lá enquanto esperam poder ir a outra zona de operações”, assegurou Hamming. “É muito difícil estimar quantos cruzaram, mas se sabe que o EI mandam para Turquia há um bom tempo os indivíduos importantes para a organização, para depois poder realocá-los”.

Para os especialistas do Soufan Group, embora o EI tenha perdido terreno, “continua sendo um dos grupos terroristas mais poderosos da história, e não lhe faltam armas nem combatentes”.