A Secretaria Especial do Esporte, vinculada ao Ministério da Cidadania, informou que a Certidão de Registro Cadastral (CND) do Comitê Olímpico do Brasil, expirada em 5 de abril, não foi renovada. Com isso, a Caixa suspendeu o repasse de recursos das loterias federais para a entidade. Isso é um duro golpe ao esporte nacional de alto rendimento e pode comprometer a preparação dos atletas brasileiros para os Jogos Pan-Americanos, em Lima, neste ano, e Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, entre outros eventos.

“Sobre os repasses ao Comitê Olímpico Brasileiro, o banco cumpre o previsto na lei 9.615/98. Nesta segunda-feira (8), o Ministério da Cidadania informou por meio de ofício que a Certidão de Registro Cadastral concedida ao COB expirou em 5 de abril de 2019 e que foi verificada a ausência da Certidão de Débitos relativos a créditos tributários federais e a Dívida da União. Dessa forma, com base na lei, a Caixa suspenderá o repasse dos recursos oriundos das Loterias Federais destinados àquela entidade até a regularização da referida situação”, informou a Caixa em nota.

O problema se refere a uma dívida de cerca de R$ 200 milhões da antiga Confederação Brasileira de Vela e Motor, que não existe mais e esteve entre 2006 e 2012 sob intervenção do COB após denúncias de corrupção e má administração. Quem ocupou o lugar dessa entidade foi a Confederação Brasileira de Vela (CBVela).

Nesse imbróglio, o COB é indicado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional como corresponsável pelo passivo junto com a CBVela. Justamente por isso, o COB não teve emitida a Certidão Negativa de Débitos (CND). Com isso fica impossibilitado de receber verbas públicas. Para o COB, os recursos das loterias não configuram verba pública.

“O número de participantes no Pan pode diminuir. Imagina em uma delegação de 495 atletas, quantos profissionais se somam a esse número? A delegação do Brasil é uma das maiores do Pan. Sem esses recursos, vamos ter nossa participação impactada nos Jogos Pan-Americanos e nos Jogos Olímpicos. Volto a frisar que a falta da CND, a interrupção da Lei Agnelo-Piva, nos impacta fortemente, mas nós não concordamos com a paralisação de repasses por conta desses problemas”, explicou Rogério Sampaio, diretor geral do COB, em entrevista à TV Globo.

Para se ter uma ideia do tamanho do problema, a estimativa de arrecadação do COB para este ano era de R$ 250 milhões, valor que representa mais de 90% do que a entidade recebe. Esse dinheiro vem dos recursos das loterias garantidos pela Lei Piva e são repassados para as confederações esportivas filiadas. Na maioria dos casos, elas não têm outra fonte de recursos. Sem essa verba, a tendência é muitas entidades pararem de funcionar em um momento importante do ciclo olímpico.

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Em pouco mais de três meses, a delegação brasileira vai disputar os Jogos Pan-Americanos em Lima, no Peru, com diversas modalidades que valem vaga para a Olimpíada de Tóquio, que será disputada em julho de 2020. Muitos atletas estão em fase de preparação para poder fazer bonito na temporada. Com o corte dos recursos, não se sabe como muitos esportistas farão para manter o investimento em treinamentos e viagens.

Em nota, o banco explica que continuará apoiando o esporte. “A Caixa é uma das maiores patrocinadoras do esporte brasileiro, incentivando e apoiando desde categorias de base até a alta performance. Algumas das principais entidades esportivas são patrocinadas pelo banco, como o Comitê Paralímpico Brasileiro, a Confederação Brasileira de Atletismo, a Confederação Brasileira de Ginástica, a Liga Nacional de Basquete, além da Liga Nacional de Basquete Feminino. A Caixa continuará fomentando o desporto brasileiro e, de acordo com sua nova estratégia de patrocínios, manterá os contratos vigentes.”


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