Caipira, graças a Deus!

Caipira, graças a Deus!

Livia Calmon Fotos Rafael Hupsel / Ag. Isto É Traduzindo a brasilidade: na capital do Espírito Santo, nasceu Angelita Santos Gonzaga, o sobrenome alemão Schimdel foi deixado de lado. No Rio Grande do Norte, ela se aventurou como empresária. Em Minas, pesquisou a culinária brasileira e, em São Paulo, surgiu como a chef Angelita Gonzaga. ?Eu casei com a comida há dez anos, aqui em SP.? Para os amigos ela é simplesmente Angel, o anjo que na cozinha dá asas aos ingredientes brasileiros que não abre mão de usar. Feijão-manteiga para a feijoada de domingo (ES), rapadura para a geleia que acompanha o porco assado (RN), fubá de milho para o angu (MG) e hortelã-pimenta para o fogado (SP). Pergunto, e a influência da família? ?Tenho ascendência alemã, meus avós eram da região da Pomerânia, onde os colonos plantam e colhem o que comem. Herdei a paixão pela comida da roça.? Antes de trilhar o caminho até a cozinha, Angelita foi guia turístico e artista plástica. A culinária veio para completar a pirâmide da vida cheia de histórias para contar. O dom artístico ajudou-a na decoração do restaurante que comanda numa atmosfera de fazenda. Nas viagens, a guia se transforma numa investigadora de sabores. Foi assim que descobriu uma receita de petisco que virou o carro-chefe do menu que assina. ?Fui a Itabirito, no interior de Minas, conhecer dona Benvinda Baeta, a fada do pastel de angu. ?Foi paixão à primeira mordida.? Uma mordida aqui, outra ali, Angelita vai descobrindo o paladar do Brasil. E, para quem vier para a abertura da Copa, em São Paulo, ela vai caprichar. ?Tenho várias ideias para misturar nossa culinária com a de outros países.? O pastel de angu, por exemplo, vai ganhar recheio de einsbein ( joelho de porco), muito consumido pelos alemães. ?Quem provar, com certeza, vai ficar com um gostinho de quero mais e vai voltar.? Em terras de Borba Gato, ela se imbuiu do espírito dos bandeirantes e tem explorado o interior paulista e sua rica culinária. Cruzando as fronteiras, tornou-se uma ferrenha defensora da comida da roça ?Faço comida mineira sim, mas caipirrrra? (com sotaque). Como pesquisadora, entrou numa briga de gigantes para defender a tese de que o tutu mineiro é na verdade o virado à paulista. E é com esse prato tipicamente verde- amarelo que a Gente vai saudar a Copa do Mundo 2014. Que venham os alemães!!! Caipira, graças a Deus! VIRADO à PAULISTA Preparo para 4 porções Tempo: 45 minutos 3 xícaras de feijão-carioquinha; 100 g de bacon picado; 2 folhas de louro; 1 cebola média picada; 3 dentes de alho amassados; 12 xícara de farinha de mandioca crua; sal a gosto; 4 bistecas; 500 g de linguiça; 1 maço de couve; 2 bananas-nanicas; 500 g de barriga para torresmo MODO DE PREPARO: Deixar o feijão de molho por 6 horas, depois cozinhar junto com o bacon e o louro por 25 minutos. Fritar o alho e a cebola e acrescentar metade do feijão inteiro e a outra metade batido.Quando estiver encorpado, despejar a farinha aos poucos, mexendo sempre até que fique um pirão grosso. Acompanhamentos Bisteca Temperar com limão, sal e pimenta a gosto.Deixar marinar. Aquecer uma frigideira com uma colher de óleo e grelhar as bistecas jogando água aos poucos, até que fiquem no ponto Linguiça Cortar rodelas finas e fritar em uma frigideira quente com pouco óleo Banana Cortar ao meio, empanar com farinha de rosca e fritar em óleo bem quente Ovos Fritá-los no ponto desejado Couve Picar finamente e, em uma panela aquecida com azeite, jogar rapidamente e refogar. Sal a gosto Torresmo Cortar em tiras e cozinhar com água e uma colher de chá de bicarbonato de sódio por 20 minutos. Retirar, escorrer e fritar em gordura bem quente. Monte o prato do seu jeito!