Caiado critica penas do 8 de janeiro: ‘Quem mata uma pessoa pega nove anos de prisão’

Em entrevista à IstoÉ, presidenciável afirmou que STF comete 'injustiça' com condenações acima dos 17 anos para participantes da invasão aos Três Poderes

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Manifestantes invadiram e depredaram sedes dos Três Poderes no início de 2023 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em entrevista à IstoÉ, Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, defendeu a revisão das penas que o STF (Supremo Tribunal Federal) aplicou para os participantes dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro e associou as sentenças a uma “vingança” da corte.

O Estado foi constituído para julgar, não para vingar. O que se contesta é a desproporção das penas, e que elas deveriam ter sido aplicadas desde a época em que os que clamam por elas hoje destruíram imóveis públicos, como a Câmara dos Deputados, o Ministério da Fazenda, o Itamaraty, o Ministério da Agricultura, o Incra e áreas de pesquisa de propriedade privada. [Por outro lado], há uma conivência do governo com o crime no Brasil nos lugares onde se implanta o ‘Abril Vermelho’ [sequência de atos do MST]”, afirmou Caiado, primeiro pré-candidato à Presidência da República para 2026.

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O goiano vocalizou a defesa no domingo, 6, ao participar de uma manifestação convocada por Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista em defesa da anistia aos presos pela invasão às sedes dos Três Poderes. A adesão o realinhou ao bolsonarismo — apesar de conflitos conhecidos com o ex-presidente, que está inelegível até 2030, Caiado é um dos candidatos ao seu espólio eleitoral para concorrer contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano que vem.

Por não fazer nada, o governo [Lula] tenta mudar o foco da discussão para o 8 de janeiro. Mas é desproporcional, desarrazoado, ter uma prisão de 17 anos [para participantes da invasão] e, quando você mata uma pessoa, a pena é de nove anos”, acrescentou o governador.

Dos 497 condenados pelo 8 de janeiro, 44 foram sentenciados à pena máxima, que supera os 17 anos de prisão — equiparável a um homicídio qualificado. Bolsonaro e aliados usam esses casos para alimentar a tese de que o tribunal se excedeu e pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar um projeto de anistia no Congresso — o que ainda não ocorreu.

Nessa linha, Caiado afirmou que as sentenças caracterizam uma “injustiça” e atropelam os parâmetros legais. Se avançar integralmente, no entanto, a proposta pode incluir o ex-presidente no pacote de perdoados pela Justiça — o que colocaria mais um obstáculo entre o governador de Goiás e o Palácio do Planalto.