Em “Café Society”, filme de abertura do Festival de Cannes que terá distribuição da Amazon em julho, o diretor Woody Allen leva os protagonistas Kristen Stewart e Jesse Eisenberg a um elegante e nostálgico romance na Hollywood e Nova York dos anos 1930.

Estrelas do cinema, criminosos, jogadores, mulheres ambiciosas e milionárias aparecem nesta verdadeira viagem no tempo que permite a Woody Allen transformar Kristen Stewart em uma de suas heroínas. A atriz americana é uma das musas de Cannes em 2016, pois também está presente em um dos filmes que disputa a Palma de Ouro, “Personal Shopper”, do francês Olivier Assayas.

A tragicomédia também marca o reencontro de Allen, vencedor de quatro Oscar, com Jesse Eisenberg, que já havia trabalhado com o diretor em “Para Roma com Amor”, de 2012.

O ator americano interpreta um alter ego do cineasta, Bobby Dorfman, um jovem ingênuo que cansa de Nova York, onde trabalha na joalheria dos pais.

Bobby sonha com o glamour e a boa vida. Então decide viajar até Hollywood, onde seu tio Phil (Steve Carell), poderoso agente de estrelas, o contrata como garoto de recados. Na cidade nova, ele se apaixona por Vonnie (Kristen Stewart), ambiciosa ajudante do tio.

Rejeitado, ele retorna a Nova York, onde observa a efervescência dos locais da moda frequentados pela chamada “Café Society”, um movimento de artistas, famosos e grandes mecenas, mas sem esquecer a amada.

Woody Allen não aparece no filme, mas é o narrador da história que se passa nos dois lados dos Estados Unidos.

“A partir do momento em que escrevi a história era como se estivesse lendo meu próprio romance”, afirmou Allen em uma entrevista divulgada à imprensa em Cannes.

Ele explicou que imaginou o filme “como um romance” e um “relato coral que não se prende a apenas um personagem”.

“A história de amor de Bobby é o fio condutor do filme, mas os outros personagens dão o tom do relato”.

Ao retornar aos filmes de época, ambientado entre as duas guerras mundiais – que já renderam obras como de “A Rosa Púrpura do Cairo” a “Da Magia ao Luar” -, o cineasta de 80 anos volta a um período que sempre provocou fascínio.

Com o retrato de uma época e sua homenagem a Hollywood e Nova York – em grande parte idealizadas – o filme também conta uma história de amor repleta de nostalgia.

Os personagens se questionam sobre suas decisões e sonham com a vida que teriam no caso de ideias diferentes.

“Dá vertigem, porque é como acontece na vida: você sempre pergunta se tomou as decisões corretas”, disse Kristen Stewart.

Woody Allen abre pela terceira vez o Festival de Cannes, depois de “Dirigindo no Escuro” em 2002 e “Meia-Noite em Paris” em 2011.

O americano já esteve 14 vezes na mostra oficial de Cannes, mas sempre fora de competição, de “Manhattan” em 1979 até o ano passado com “O Homem Irracional”.

slb/fp