São Paulo, 17 – Uma anormalidade nos frutos de café, principalmente na fase de maturação, tem preocupado os agrônomos da Fundação Procafé. Os frutos “passaram, neste ano, a apresentar grande número de pequenas manchas, de cor marrom, na sua casca”, informam os especialistas, em relatório da fundação. “Essa anormalidade não havia sido observada antes, em grande escala, como agora. Ela aparece na maioria das lavouras, nas regiões do sul e Zona da Mata de Minas”, acrescentam. Eles relatam que as manchas de início são muito pequenas, como um ponto escuro, e a quantidade por fruto é grande (chega a mais de 50 a 70 por fruto). Depois elas crescem e muitas se juntam, assim chegando a cobrir quase toda a casca dos frutos. As manchas são mais visíveis em plantas de frutos amarelos do que nos vermelhos. Com o passar do tempo, as manchas se tornam deprimidas. Em menor escala também aparecem em frutos verdes, nestes na forma de uma queima, de cor escura, ao longo de boa parte do fruto. Os agrônomos consideraram improvável a possibilidade de efeito de ácaros e da cercosporiose. Também afastaram a hipótese de uma provável presença de fungos. Excluindo as prováveis causas, “chegou-se, pelas evidências, de forma primária, como mais provável, uma ação física – do sol, pela luz, pela temperatura ou pelo choque térmico”, explicam os agrônomos. Conforme a Fundação Procafé, o que ainda não está tão claro é por que isso vem ocorrendo só agora. Neste ano, de abril até meados de maio, houve um veranico de cerca de 40 dias e as temperaturas em abril, na Fazenda Experimental de Varginha, se situaram cerca de 2 graus acima da média histórica. “A nossa compreensão do problema se encontra nesse estágio e continuaremos a estudar e aprofundar a análise das causas dessas manchas nos frutos, aceitando colaborações nesse sentido”, dizem os agrônomos. Quanto aos prejuízos pelas manchas, os estudiosos informam que eles são poucos quantitativamente. No entanto, pode haver perdas qualitativas, “pelas dificuldades na despolpa, em virtude da maior aderência da casca e, provavelmente, também pela abertura de porta para fungos saprofitas, que podem prejudicar a bebida”, concluem.