São Paulo, 03 – A abertura do Brasil para a importação de café pode trazer riscos à produção local. Entre eles, a importação, junto com o grão, de pragas ausentes no País. Tal argumentação está inserida em estudo feito pelo governo do Espírito Santo e que vai ser entregue ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em reunião em Brasília na terça-feira, 7, com o governador do Estado, Paulo Hartung, além de membros do governo e da bancada de deputados federais e senadores capixabas. O estudo da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo (Seag), por meio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), foi elaborado para contrapor a possibilidade de o Ministério da Agricultura autorizar a importação de café conilon do Vietnã e de outros países, como Etiópia e Peru. Segundo os pesquisadores do Incaper Romário Gava Ferrão e José Aires Ventura, há risco de que diversas doenças também sejam introduzidas no País em decorrência da importação do grão verde (não torrado). O pedido de compra externa partiu das indústrias brasileiras de cafés torrado, moído e solúvel sob a alegação de que o mercado interno estaria com estoques baixos e sob risco de desabastecimento. “Se for autorizada a importação da Ásia, da África ou do Peru, onde existem pragas que ainda não foram encontradas no Brasil, sem uma rigorosa análise de risco, é colocar o País em uma situação vulnerável”, destacou em nota o diretor-presidente do Incaper, Marcelo Suzart. Ainda foi apontada a necessidade de se realizar uma Análise de Riscos de Pragas (ARP), procedimento reconhecido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), adotado pelos países signatários da Convenção Internacional de Proteção Vegetal (CIPV), bem como do Comitê de Sanidade Vegetal (Cosave), que reúne Argentina, Bolívia, Brasil, Chile e Paraguai. O secretário de Agricultura do Espírito Santo, Octaciano Gomes de Souza Neto, reforçou o posicionamento do governo capixaba contrário à importação do conilon. “Não faz sentido importar café para prejudicar quem sofreu nos últimos três anos (com a seca). E também há estoque suficiente para a indústria. Temos mais de 4 milhões de sacas. Não há risco de desabastecimento”, destacou Souza Neto. O Espírito Santo tem na cafeicultura a principal atividade agrícola, presente em praticamente todos os municípios e que envolve mais de 400 mil pessoas e 133 mil famílias, sobretudo pequenos produtores.