02/08/2022 - 16:17
Uma operação militar realizada pelos Estados Unidos neste final de semana no Afeganistão matou o principal líder da Al-Qaeda, o egípcio Ayman al-Zawahiri, 71. A morte foi confirmada pelo presidente americano Joe Biden nesta segunda-feira, 1, que o descreveu como “cérebro de ataques contra americanos”. Zawahiri era o segundo em comando da organização terrorista no período dos atentados de 11 de setembro de 2001, subordinado apenas de Osama Bin Laden, e era procurado pelo governo americano há mais de duas décadas. Acabou virando um troféu dos americanos na luta contra o terror.
O ataque foi realizado por um drone em Cabul, capital do Afeganistão, às 6h18 da manhã de domingo. Esta ação foi a primeira ação militar americana no país desde a retirada das tropas, no final de agosto do ano passado, o que encerrou duas décadas de ocupação militar e devolveu o poder aos extremistas do Talibã.
De acordo com Washington, o líder da Al-Qaeda foi atingido por dois mísseis Hellfire enquanto estava na varanda de uma casa, localizada em um bairro rico da cidade. O ataque não teria deixado mais nenhuma vítima. Biden afirmou que autorizou “um ataque preciso que iria tirá-lo do campo de batalha de uma vez por todas”. O presidente norte-americano fez seu discurso sem utilizar máscara à distância de um grupo limitado de jornalistas.
A política externa de Biden é alvo de fortes críticas da oposição, para quem a derrocada de sua imagem teve inicio exatamente com a retirada das tropas americanas do Afeganistão. O presidente tenta usar a morte do líder da Al-Qaeda como um trunfo contra a guerra ao terror para reverter sua popularidade baixa, provocada pela inflação recorde. Os EUA estão a menos de cem dias das eleições legislativas, de meio de mandato, que poderão determinar a perda de controle do Congresso por parte dos democratas liderados por Biden.
O presidente americano aproveitou seu discurso para defender sua decisão de retirada das tropas, em agosto do ano passado. “Tomei a decisão de que após 20 anos de guerra, os EUA não precisavam mais de milhares de soldados no Afeganistão para proteger o país de terroristas que procuram nos prejudicar”, afirmou. “Prometi que continuaríamos a conduzir operações eficazes de contra-terrorismo no Afeganistão e em outros lugares. Fizemos exatamente isso”, completou Biden.
O presidente mencionou seus antecessores para engrandecer a importância dessa operação. “Depois de buscar incansavelmente Zawahiri por anos durante os governos Bush, Obama e Trump, nossa comunidade de inteligência o localizou no início deste ano. Não importa quanto tempo leve, não importa onde você se esconda, se você for uma ameaça para o nosso povo, os EUA vão encontrá-lo e derrubá-lo”, vangloriou-se Biden.
Zawahiri havia assumido o comando da organização terrorista desde a morte de Osama Bin Laden, em 2011. Ele fazia parte da Al-Qaeda desde os anos de 1990. Na época do 11 de Setembro, era considero um dos principais líderes. Os ataques terroristas de 11 de setembro, deixaram quase 3.000 mortos. Desde, 2001 o terrorista passou a ser caçado pelo governo americano, o qual chegou a oferecer US$ 25 milhões como recompensa por informações que levassem à sua prisão. Seu paradeiro era desconhecido até então.
Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira, 1, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken afirmou que o Talibã violou o acordo de Doha, firmado por Donald Trump em 2020, no qual o Talibã afirmava que não daria refúgio a membros da Al-Qaeda no país. “Ao acolherem e darem refúgio ao líder da Al-Qaeda em Cabul, o talibã violou grosseiramente o acordo de Doha e as repetidas garantias que deram ao mundo, de que não iriam permitir que o território afegão fosse utilizado por terroristas para ameaçar a segurança de outros países”.
Já o porta-voz do talibã Zabibullah Mujahid disse em um comunicado divulgado nesta terça-feira, 2, que os EUA também violaram o acordo de Doha, pois realizaram o ataque em território do Afeganistão. “O Emirado Islâmico do Afeganistão condena firmemente este ataque, em quaisquer circunstância, e qualifica-o como uma clara violação dos princípios internacionais e do acordo de Doha”. Desta forma, observa- se que a ocupação do território do Afeganistão e a ocorrência da guerra, travada entre os EUA e o Talibã, não serviu para mudar a realidade do país de esconder terroristas em seu território.