RIO DE JANEIRO, 7 JUL (ANSA) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu o anúncio do mandatário dos Estados Unidos, Donald Trump, a respeito de uma tarifa adicional de 10% contra “países alinhados ao Brics” e disse que não é “responsável” usar a internet para “ficar ameaçando o mundo”.
“Não é correto, a gente precisa saber que o mundo mudou. Não queremos imperador, nós somos países soberanos. Se ele achar que pode taxar, os países também têm o direito de taxar, existe a lei da reciprocidade”, declarou o petista em uma coletiva de imprensa após o encerramento da cúpula do grupo no Rio de Janeiro.
“Eu acho muito equivocado e muito irresponsável um presidente ficar ameaçando os outros em redes digitais. Tem outros fóruns para o presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos falar com outros países. Respeito é muito bom, e é preciso que as pessoas leiam o significado da palavra soberania. Cada país é dono do seu nariz”, salientou Lula.
Questionado se poderia haver alguma fratura no interior do Brics a respeito do tarifaço de Trump, o presidente respondeu que “ninguém tocou nesse assunto” durante a reunião no Rio.
A medida anunciada pelo líder americano é uma reação à crescente tendência dentro do Brics de substituir o dólar por moedas locais entre os países do grupo, porém Lula assegurou que o bloco “não nasceu para afrontar ninguém”.
“O Brics quer ser outro modelo de fazer política, uma coisa mais solidária. Precisamos encontrar um jeito de que nossa relação comercial não precise passar pelo dólar. Quando for com os EUA, ela vai passar pelo dólar, mas quando for com a Argentina, com a China, com a Índia, não precisa passar. Ninguém determinou que o dólar é a moeda padrão. É uma coisa que não tem volta”, reforçou.
O presidente também definiu o grupo como “um outro jeito de organizar o mundo, por isso está incomodando”. “É uma coisa nova, que se trata com muito mais cuidado, não é um clube de privilegiados. O Brics pode ser essa válvula de escape que a humanidade precisa para fazer alguma coisa nova”, salientou Lula, acrescentando que o bloco “não tem porteira fechada” para eventuais futuros membros.
Atualmente, o grupo é formado por África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Índia, Indonésia, Irã e Rússia. (ANSA).