“Cada dia é uma manobra diferente. Hoje, foram oito.” Em tom de desabafo, o presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), voltou a comentar o pedido do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para que oito testemunhas investigadas na Operação Lava Jato não sejam ouvidas pelo colegiado. Araújo disse que agora só pode garantir que “fará bem o seu trabalho”. “A luta é desde o início, levamos quatro meses para iniciar processo. Agora é outro tempo, mas vamos trabalhando, nós vamos conseguir.”

Entre as testemunhas convidadas pelo Conselho, está o doleiro Fernando Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano. Em seu depoimento, Baiano citou Cunha como beneficiário de valores ilícitos do esquema de propinas da Petrobras. Segundo Araújo, Fernando Baiano deve ser ouvido por alguns membros do colegiado no próximo dia 18, nas dependências da Justiça Federal, em Curitiba. “Há dificuldade na logística de trazer essas pessoas aqui e o juiz Sergio Moro vai ceder as dependências e equipamentos necessários para isso”, explicou.

Araújo disse ainda que os parlamentares interessados em acompanhar a oitiva terão que arcar com o valor de suas passagens. Ele apontou dificuldades para convocar as testemunhas de defesa, pois Cunha e seus advogados enviaram para ele nesta terça-feira apenas os nomes e os endereços dos indicados, sem nenhum telefone. “O problema é que, quando o presidente da Câmara quer o processo anda acelerado, quando não quer, coloca obstáculos e nós não simplesmente andamos”, comentou Araújo.

Em audiência com o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), no início da tarde desta quarta, Araújo e o relator do processo, Marcos Rogério (DEM-RO) pediram o compartilhamento dos documentos existentes no STF sobre as contas na Suíça que têm Cunha como beneficiário e também manifestaram a vontade de ouvir os colaboradores da Operação Lava Jato que têm conexão com a investigação. Eles buscaram garantir também o depoimento de testemunhas no processo por quebra de decoro parlamentar contra o peemedebista.


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