O pastor evangélico e líder indígena José Acácio Serere Xavante, de 42 anos, conhecido como Cacique Serere, foi preso na noite de segunda-feira (12) por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sob acusação de condutas ilícitas em atos antidemocráticos. Isso provocou conflitos em Brasília (DF) com bolsonaristas queimando carros, vandalizando ônibus e tentando invadir a sede da Polícia Federal (PF).

Cacique Serere nasceu em Mato Grosso e é líder da Terra Indígena Parabubure (MT). Ele é sócio do Instituto de Promoção Educacional e Social do Araguaia e da Associação Indígena Bruno Omore Dumhiwe, além de ser fundador da Missão Tsihorira & Pahoriware – Mitsipe, que é uma instituição religiosa.

O líder indígena ganhou notoriedade pelo seu ativismo a favor do presidente Jair Bolsonaro (PL). Tanto que ele se filiou ao partido Patriota e concorreu ao cargo de prefeito de Campinápolis (MT) em 2020, mas não foi eleito porque recebeu apenas 689 votos.

Serere é bastante ativo nas redes sociais, as quais usa para organizar atos antidemocráticos e atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Lula não foi eleito, TSE roubou os votos para Lula, houve crime eleitoral, violaram a urna de votação. O ministro Alexandre de Moraes é bandido e ladrão”, escreveu o líder indígena em suas redes sociais em novembro deste ano.

No dia 9 de dezembro, Serere disse a bolsonaristas que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deve tomar posse. Dias depois, quando o presidente apareceu para cumprimentar os apoiadores no Palácio da Alvorada, o líder indígena pediu: “Não entregue o cargo da Presidência do País”. O mandatário ficou calado.

Durante um ato golpista realizado no Park Shopping, Serere levantou, sem apresentar provas, a suspeita de que o processo eleitoral teria sido fraudado.

“Houve fraudes, nós exigimos a anulação dessa eleição ou vai acontecer aqui uma guerra civil. Vamos detonar esse povo bandido do STF”, ele disse, antes de xingar Alexandre de Moraes de “marginal” e “vagabundo”.

Prisão

Por conta de todos esses episódios, a Procuradoria Geral da República (PGR) entrou com um pedido de detenção do líder indígena, que, segundo o órgão, se utiliza da sua posição como líder para convocar indígenas e não indígenas para cometerem crimes. Com base nessa solicitação, o STF determinou a prisão temporária do cacique, pelo prazo de 10 dias.

“A restrição da liberdade do investigado, com a decretação da prisão temporária, é a única medida capaz de garantir a higidez da investigação”, afirmou o STF na decisão.

A mulher do cacique contestou o decreto do STF. “Ele foi levado brutalmente pela PF, na frente dos meus filhos. Peço ajuda de advogados para tirá-lo da cadeia. Ele deu a vida dele pela pátria. Quero meu marido de volta”, finalizou.