Empresas chinesas estão fabricando cães robôs que não lembram em nada os primeiros cachorros eletrônicos fofinhos dos anos 1990, desenvolvidos no Japão. Hoje, o melhor dessa tecnologia criou o Go1, espécie de “cão-atleta”, e o CyberDog, que se comporta mais como um brincalhão. O mérito dos cyborgs de quatro patas é a fidelidade aos movimentos e atitudes dos pets. O Go1, da Unitree Robotics, foi criado para tutores atletas. Ele é capaz de sentar, correr, rolar, reconhecer vozes, seguir o tutor (acompanhando um sensor de movimento) e carregar pesos de até 5 kg. Tem 30 cm de altura e pesa 12 kg, correndo a 17 km/h. Assim como o CyberDog, pode detectar objetos e desviar deles. O CyberDog, da Xiaomi, parecido com o Go1 no tamanho e na forma, é um pet “caseiro”, que pode fazer truques, controlado por ativação de voz ou por aplicativo para smartphone. Quando sente o tutor chegando, fica pulando, alegre como sempre ficam os cães de verdade nesses reencontros.

O Go1 custa pouco mais de R$ 14 mil; o CyberDog sai por quase R$ 9 mil. Mas será que esses valores compram mesmo um pet? Para o veterinário Eduardo Pinho, a substituição não ocorrerá. “Embora tenha o avanço da ciência, eu não acredito que possa ser igual. O animal surpreende a mim, que trabalho há mais de 30 anos como veterinário e toda semana fico surpreso com algum cachorro. Então, acho difícil um robô fazer isso.”

A psicanalista Juliana Françoso diz que o benefício do cão robô se limita apenas a sua utilização como um brinquedo. “É muito diferente do vínculo afetivo com um animal de verdade”, citando como um pet ensina as pessoas a lidar com o luto, principalmente as crianças. “O robô não substitui um animal, que tem suas próprias vontades. Ele não vai dar a espontaneidade e o carinho que daria um animal de verdade.”

* Estagiário com supervisão de Thales de Menezes