Nova York, 08/12 – Produtores de cacau de Gana e da Costa do Marfim alegam que grandes fabricantes de chocolate, como Hershey e Mars, fizeram grandes compras da amêndoa antecipadamente para evitar o pagamento de um valor adicional de US$ 400 por tonelada. O prêmio, adotado pelos dois países e que entrou em vigor no início da temporada 2020/21, em outubro, será usado para melhorar as margens e as condições de vida dos produtores locais. Gana e Costa do Marfim são responsáveis por 61% do cacau produzido no mundo, segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO).
Em declaração recente, representantes do setor de cacau dos dois países disseram que fabricantes de chocolate e tradings “adotaram estratégias dissimuladas para contornar o mecanismo de melhora da renda de produtores, com o objetivo de derrubá-lo”.
Uma representante da Mars negou que a companhia estivesse tentando evitar o pagamento do prêmio. “A Mars Wrigley discorda categoricamente da alegação de que mudou suas práticas de compra de cacau para evitar o pagamento”, afirmou.
Já um porta-voz da Hershey disse que a companhia não comenta sobre detalhes específicos de compras, mas que busca garantir um volume suficiente do produto para atender às suas necessidades futuras, “principalmente em períodos de incerteza”.
Grandes fabricantes de chocolate vêm lançando iniciativas para ajudar produtores da África Ocidental e diminuir a pobreza na região. A Hershey está investindo US$ 500 milhões em suas operações em Gana e na Costa do Marfim, enquanto a Mars tem seu próprio projeto de sustentabilidade.
Para o vice-presidente da JSG Commodities, Eric Bergman, a cobrança do prêmio eleva o custo de fabricantes de chocolate num momento em que a demanda está diminuindo. Em documento recente, a Hershey disse que o volume de vendas nos primeiros nove meses de 2020 caiu 2,5% em relação a igual período do ano passado – um desempenho atribuído ao impacto da pandemia de covid-19 sobre a demanda internacional.
A ICCO prevê que a moagem de cacau em 2020 vai diminuir 4% em relação ao ano passado. “A implementação de protocolos de segurança e medidas preventivas, incluindo lockdowns e redução de viagens, teve grande impacto sobre a demanda por cacau”, disse a organização.
Apesar das tensões entre produtores de Gana e da Costa do Marfim e compradores de cacau, fabricantes de chocolate provavelmente não conseguirão deixar de comprar o produto desses países, tendo em vista sua qualidade superior, disse Michel Arrion, diretor executivo da ICCO. Fonte: Dow Jones Newswires.