Se há alguém que está no lugar errado e na hora errada, esse alguém é “Beckett”, personagem de John David Washington na produção dirigida pelo italiano Ferdinando Filomarino. Na trama, o lugar errado é a Grécia; a hora errada é o período de turbulência política pelo qual passa o país. Apesar de o filme ser uma estreia da Netflix, é impossível não associá-lo a produções como “Três Dias do Condor”, de Sidney Pollack, e “A Trama”, de Alan J. Pakula, dramas políticos com protagonistas em fuga ambientados nos anos 1970.

O thriller narra a história de Beckett, turista americano que faz uma viagem romântica com a namorada April (Alicia Vikander) pelas paradisíacas paisagens da Grécia. A caminho de uma praia, o casal sofre um acidente de carro. É quando tudo começa a dar errado. Beckett acaba se deparando com algo que ele não deveria ter visto e, a partir daí, sua vida se torna um inferno. Perseguido sem saber por quê, ele entra em um redemoinho kafkaniano e vira alvo de uma caçada humana cuja relação com a situação política da Grécia só se revela no final. “Fui atraído pela história de um homem lutando pelo direito de viver. Alguém que se esforça para fazer a coisa certa e ser uma versão melhor de si mesmo”, afirma John David Washington. “Eu me identifiquei com isso.”

“Ele não é um espião, mas um homem comum que tenta entender como sua vida mudou tanto em tão pouco tempo” Ferdinando Filarmino, diretor de “Beckett”, sobre seu protagonista (Crédito:Yannis Drakoulidis)

Para o diretor Ferdinando Filarmino, a Grécia foi escolhida porque as recentes crises pelas quais passou o país dão veracidade à trama. “A bela geografia nos permitiu filmar a fuga de um homem por paisagens dramáticas que formam um contraste com o pesadelo que o aflige”, explica Filarmino. “Busquei manter a tradição dos clássicos dos anos 1970, mas com com o público mais próximo ao protagonista. Afinal, ele não é um espião, mas um homem comum que tenta entender como sua vida mudou tanto em tão pouco tempo”. É o filme certo, na hora certa.