O governo islandês autorizou a retomada da caça às baleias na sexta-feira (1º), sob condições estritas, depois de tê-la suspendido por mais de dois meses em nome do bem-estar animal.

“A caça às baleias pode ser retomada amanhã”, anunciou o Ministério da Agricultura e Pesca em uma mensagem à AFP nesta quinta (31).

A decisão foi muito mal recebida pelos grupos de defesa dos direitos dos animais que esperavam o fim dessa polêmica prática, após a suspensão da caça decidida no final de junho.

“Essa decisão é devastadora e inexplicável”, afirmou a Humane Society International em um comunicado.

“A proteção das baleias é uma necessidade crítica, e esta decisão é uma oportunidade frustrada de pôr fim a esses massacres no mar”, acrescentou.

No final de junho, o governo havia decidido suspender a caça, após a publicação de um relatório solicitado pelo governo e que concluiu que a prática não estava em conformidade com a lei islandesa sobre o bem-estar animal.

Elaborado por veterinários, o relatório considerou que a morte dos cetáceos foi demasiado lenta. Em vídeos divulgados recentemente, é possível ver a agonia de uma baleia caçada no ano passado, que durou cinco horas.

Para justificar sua nova autorização, o Ministério da Agricultura e Pesca considerou, em um comunicado, que há base para “alterar os métodos de caça, que levem a menos irregularidades e, portanto, a uma melhora do ponto de vista do bem-estar animal”.

O único titular de uma licença de pesca na Islândia “deve respeitar a regulamentação imposta hoje pelo governo”, afirmaram as autoridades.

Essa regulamentação “prevê exigências mais fortes em termos de equipamentos e de métodos de caça e de vigilância reforçada”, acrescentou.

A licença de pesca da última empresa de caça ativa no país, a Hvalur, expira em 2023. A empresa já anunciou que esta temporada será a última, devido à baixa rentabilidade da pesca.

A empresa ainda não reagiu à decisão do governo, embora, segundo a imprensa local, seus barcos tenham saído ao mar esta semana para localizar cetáceos, em antecipação à nova medida do Executivo.

As cotas anuais autorizam a captura de 209 baleias-comuns e 217 baleias-de-minke. Nos últimos anos, as capturas têm sido muito inferiores, devido à menor procura por carne de baleia.

Islândia, Noruega e Japão são os últimos três países do mundo a autorizarem a caça a esses animais.

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