Cabul ficou paralisada nesta segunda-feira por uma manifestação de milhares de hazaras, uma minoria xiita, que pedem que uma futura linha de alta tensão passe por sua região.

As forças de segurança bloquearam os principais cruzamentos da capital com contêineres empilhados, e os manifestantes tentavam chegar ao Palácio Presidencial.

Pedem que a linha elétrica que deve conectar o Afeganistão e o Paquistão com a Ásia Central passe pela província de Bamiyan, uma região de maioria hazara situada no centro do país.

“Queremos que a linha elétrica passe por Bamiyan, que não teve nenhum projeto de desenvolvimento nos últimos 15 anos. Pedimos justiça, não caridade”, explicou à AFP o deputado hazara Arif Rahmani.

A linha TUTAP, que deve conectar Turcomenistão, Uzbequistão e Tadjiquistão com Afeganistão e Paquistão, é considerado um projeto de vital importância para o fornecimento de eletricidade adequado nesta região.

Inicialmente, a linha deveria passar por Bamiyan, mas o governo modificou o traçado e decidiu fazê-lo passar pelo porto de Salang, ao norte de Cabul, afirmando que ao ser mais curto permitiria economizar milhões de dólares.

No entanto, os hazaras estimam que a decisão é discriminatória.

A manifestação, sem incidentes, coincide com a ofensiva de primavera dos talibãs. As autoridades advertiram que a marcha pode ser alvo dos insurgentes.

A minoria hazara, que conta com 3 milhões de pessoas, foi perseguida durante décadas, e milhares de seus membros foram assassinados no fim dos anos 1990 pela Al-Qaeda e pelos talibãs, em sua maioria pashtuns sunitas.

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