Os estádios no Brasil, principalmente as novas arenas, devem sofrer mudanças em suas dinâmicas devido à pandemia do novo coronavírus. Algumas medidas já começaram a ser adotadas no retorno do futebol, ainda sem a presença de público, e outras devem ganhar espaço no futuro.

No dia 18 de junho, as delegações de Flamengo e Bangu precisaram passar por uma cabine de desinfecção na chegada ao Maracanã como parte do protocolo. Jogadores e membros da comissão técnica entravam em um túnel de cerca de três metros, que dispõe de um sensor de presença e aciona automaticamente borrifadores com uma solução higienizante. Bastava dar uma volta na estrutura para poder seguir para os vestiários.

Marcelo Frisoni, diretor da Neobrax, empresa responsável pelo desenvolvimento das cabines de desinfecção, explica que a partir de agora a medida deve se tornar cada vez mais comum em arenas, mesmo após a pandemia.

– O mundo mudou e, junto com ele, a forma de fazer grandes espetáculos como um jogo de futebol também se alterou. Acredito que o uso de tecnologias como essa serão parte essencial na realização de partidas não só no país como em ligas de todo o mundo. Não só para jogadores e comissão técnica, mas para os próprios torcedores ao chegarem e saírem das arenas, que no período pós-pandemia será uma situação que vai gerar muita preocupação de organizadores e do próprio indivíduo.

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O Corinthians, por exemplo, instalou cabines como essas para melhor higienização e proteção contra o coronavírus no Parque São Jorge, no CT Joaquim Grava e, mais recentemente, na Arena Corinthians.

Outro aspecto que deverá mudar completamente nos estádios será o consumo de alimentos e serviços. Os meios de pagamento sofrerão atualizações e métodos como “cashless” e “contacless” serão ainda mais comuns.

Cartões com a tecnologia NFC (near field communication) e aplicativos serão as novas formas de comprar um hot-dog ou até uma água durante as partidas. Medidas como essas já são comuns em diversos estádios na Europa com uso de aplicativos como o Apple Pay e Samsung Pay para a compra de itens.

Na Copa América em 2019, por exemplo, a Mastercard emitiu mais de 10 mil cartões pré-pagos por aproximação para torcedores durante a competição e permitiu este tipo de pagamento em todas as sedes. A empresa até ofereceu benefícios exclusivos para clientes que usavam a ferramenta para consumo.

Para Bruno Lindoso, CEO da netPDV, maior empresa de pagamento em cashless no entretenimento da América Latina, presente no Estádio da Luz Benfica (Portugal) e no Allianz Parque, o uso de novos meios de pagamento deverá seguir uma tendência geral pós-pandemia, que será a queda na circulação do dinheiro de papel. E nos estádios de futebol isso não será diferente.

– O termo cashless nada mais é do que “sem dinheiro”. Em diversos setores da sociedade o dinheiro físico já tem se tornado vilão. Em arenas de futebol e em grandes eventos será ainda mais evidente a necessidade de criar novas tecnologias para facilitar o consumo. Aplicativos, pulseiras de pagamento e outros dispositivos tornam a operação mais rápida, segura e, nos dias em que vivemos, higiênica – analisa Lindoso.

Entre os possíveis recursos que a empresa pode oferecer para otimizar a nova realidade de arenas de futebol está o desenvolvimento de um sistema de monetização próprio para o clube, controle de acesso e aplicativo que permite a realização de reservas e pedidos remotos, de forma online, evitando filas e aglomerações dentro do local. Tudo isso, sem o uso do papel moeda, reconhecido pela OMS como um dos transmissores do novo coronavírus.

– O cashless se baseia na redução da complexidade nas relações comerciais, segurança para o público e o organizador do evento, além de garantir velocidade no atendimento. Nestes novos tempos, estamos desenvolvendo novas soluções para negócios, como por exemplo nos cinemas drive-ins, que podem ser usados como modelo para jogos de futebol e qualquer grande evento. É a tecnologia se mostrando sempre aliada e sendo instrumento de soluções em diferentes circunstâncias – completa o CEO da netPDV.

Na opinião de Marcelo Palaia, especialista em marketing esportivo e professor sobre o assunto na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP), inovações nos dias de jogos se tornam cada vez mais bem-vindas ao passo de que as receitas vão diminuir e é preciso encontrar maneiras de facilitar e incentivar o consumo.

– Precisamos imaginar esse cenário pensando especificamente na área de marketing, no quanto o matchday ficará prejudicado e o quanto isso já deve alterar o tamanho do ticket médio, naturalmente. Com esse novo normal que estão falando sobre os jogos e grandes eventos, é necessário pensar que será outra linha do orçamento muito atacada pela situação.


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