As equipes de resgate trabalham incansavelmente nesta terça-feira (6) para tentar encontrar os desaparecidos e socorrer as localidades afetadas pela tempestade que devastou a região montanhosa acima de Nice, no sudeste da França, na sexta-feira.

Nesta região que faz fronteira com a Itália, quatro pessoas morreram do lado francês e pelo menos oito pessoas ainda estão desaparecidas.

Outras treze pessoas estão “supostamente desaparecidas” porque seus parentes não tiveram notícias delas.

As chuvas torrenciais também mataram duas pessoas na Itália, a algumas centenas de quilômetros de Nice, no Vale de Aosta e no Piemonte.

Vários povoados ainda estão inacessíveis e os habitantes fazem longas e perigosas jornadas para ir trabalhar ou procurar comida, observou um jornalista da AFP.

O presidente francês Emmanuel Macron visitará o local na quarta-feira.

As chuvas destruíram estradas, pontes e rede elétrica, 5.000 famílias ainda estão sem eletricidade.

“Jamais tivemos um fenômeno tão violento e localizado com lugares tão inacessíveis. É muito excepcional”, disse à AFP Marianne Laigneau, presidente do conselho de administração da companhia elétrica Enedis, destacando que em alguns lugares, as inundações até danificaram a rede subterrânea.

O vilarejo de Tende é um dos mais afetados. O cemitério local foi parcialmente destruído e 150 corpos enterrados foram descobertos rio abaixo da cidade.

“Percorreram 20 km e acabaram por todo lado, às vezes em jardins. São os habitantes que avisaram” para que os bombeiros fossem recuperá-los, explicou à AFP o prefeito do vilarejo, Jean-Pierre Vassallo.

“Os residentes locais viram alguns cadáveres passando pelo Roya, alguns dos quais reconheceram”, disse Jean-Claude Guibal, presidente da região da Riviera Francesa.

“A emergência em Tende é água e apoio psicológico para moradores muito chocados”, declarou, falando sobre esta cidade localizada na fronteira com a Itália.

Em Saint-Martin-Vésubie, onde outro cemitério foi devastado pelas enchentes, um cavalo foi mobilizado para levar comida, segundo um fotógrafo da AFP.

“As pessoas estão começando a se sentir em pânico, abandonadas”, apesar das doações e necessidades básicas que chegam em massa, disse Jean-Claude Guibal.

Um parque de animais também foi destruído no parque Mercantour e sete lobos negros canadenses ainda são procurados por um helicóptero que sobrevoa a área.

“A prioridade é localizá-los e capturá-los com um rifle hipodérmico”, disse Eric Hansen, diretor regional do Escritório Francês de Biodiversidade, à AFP.

O recinto mais próximo da água, o dos lobos brancos do ártico, foi completamente arrastado pela enchente. “Um lobo morto foi avistado e provavelmente os outros dois também estão mortos”, lamentou Hansen.

Além do recinto dos lobos do Canadá, que foi aberto pela enchente e permitiu sua fuga, um terceiro recinto foi preservado: o de três lobos cinzentos da Europa central que seriam alimentados por helicóptero nesta terça-feira.