Equipes de resgate de Estados Unidos e Canadá multiplicam, nesta terça-feira (20), os esforços para encontrar um submersível com cinco pessoas a bordo, que desapareceu no Oceano Atlântico, quando se dirigia a explorar os destroços do Titanic.

A comunicação com o submersível Titan, de 6,5 metros de comprimento, foi perdida no domingo, durante sua descida até os destroços do navio, que estão a quase 4.000 metros de profundidade no meio do Atlântico Norte.

Viajam no submersível cinco pessoas, entre elas o milionário aviador britânico Hamish Harding, presidente da companhia de jatos particulares Action Aviation, além do renomado empresário paquistanês Shahzada Dawood, vice-presidente do conglomerado Engro, e seu filho, Suleman.

As guardas-costeiras americana e canadense mobilizaram barcos e aviões na intensa busca aérea e marítima da embarcação, equipada com oxigênio de emergência para quatro dias.

A Guarda-Costeira americana informou nesta terça que até o momento, a “complexa” busca pelo submersível não teve resultados e que a embarcação tem “cerca de 40 horas de oxigênio” restantes.

O contra-almirante John Mauger, que chefia as buscas, declarou à emissora ABC News que as equipes de resgate rastrearam uma área de 13.000 km².

Segundo Mauger, um avião P-3 canadense lançou boias de sonar na área dos destroços do Titanic para tentar detectar qualquer som procedente do pequeno submersível.

As buscas, inicialmente restritas à superfície do mar, agora também são realizadas debaixo d’água.

O instituto francês de pesquisa oceanográfica Ifremer desviou seu navio Atalante, equipado com um robô submarino de grande profundidade, até o local onde o submersível desapareceu.

O navio, que está em missão, tem previsto chegar ao local por volta das 19h de quarta-feira (horário de Brasília).

Entre os passageiros do submersível também está o francês Paul-Henry Nargeolet, mergulhador veterano e especialista nos destroços do Titanic.

Segundo informações não confirmadas, a quinta pessoa a bordo seria Stockton Rush, diretor-geral da OceanGate Expeditions, empresa que opera as imersões turísticas.

A OceanGate Expeditions cobra 250.000 dólares (cerca de 2 milhões de reais) por uma vaga no Titan.

Segundo as autoridades, o submersível perdeu contato com a superfície duas horas depois de sua descida.

“Estamos explorando e mobilizando todas as opções para trazer os tripulantes de volta sãos e salvos. Toda a nossa atenção se concentra nos tripulantes do submersível e suas famílias”, declarou a OceanGate em um comunicado.

Mike Reiss, roteirista de TV americano, que visitou os destroços do “Titanic” no mesmo submarino no ano passado, declarou à BBC que a experiência foi desconcertante. A pressão a essa profundidade é 400 vezes superior à do nível do mar.

“A bússola parou de funcionar imediatamente e começou a dar voltas, então tivemos que dar voltas às cegas no fundo do oceano, sabendo que o Titanic estava em algum lugar”, disse Reiss.

– “Exploradores lendários” –

“Mas é tão escuro que o maior (objeto) debaixo d’água estava a apenas 500 metros e passamos 90 minutos procurando”, explicou.

Todo mundo estava ciente dos riscos da expedição, disse ele à BBC. “Você assina um documento antes de embarcar e na primeira página a morte é mencionada três vezes”.

Harding, de 58 anos, aviador, turista espacial e presidente da Action Aviation, não é um novato das aventuras e tem três recordes no livro Guinness em seu nome.

Há um ano, tornou-se turista espacial com a empresa Blue Origin, do fundador da Amazon, Jeff Bezos.

Em sua conta no Instagram, Harding disse que estava orgulhoso por participar desta missão.

“Devido ao pior inverno em Terranova em 40 anos, é provável que esta missão seja a primeira e a única tripulada ao ‘Titanic’ em 2023”, escreveu.

“A tripulação do submersível é composta por vários exploradores lendários, alguns dos quais fizeram mais de 30 imersões no RMS Titanic desde os anos 1980”, afirmou Harding no sábado, ao anunciar sua participação na missão.

– Corrida contra o tempo –

O Titanic afundou em sua viagem inaugural entre a cidade inglesa de Southampton e Nova York, em 1912, após se chocar com um iceberg. Das 2.224 pessoas a bordo, 1.500 morreram.

Os destroços do transatlântico, partido em dois, foram descobertos em 1985 a 650 km da costa canadense e a 4.000 metros de profundidade em águas internacionais no oceano Atlântico. Desde então, caçadores de tesouro e turistas visitam a área.

Alistair Greig, professor de engenharia marinha do University College London, sugeriu duas possíveis hipóteses, baseadas nas imagens do submarino publicadas na imprensa.

Se tiver tido um problema elétrico ou de comunicações, poder ter subido à superfície e estar flutuando, “esperando ser encontrado”.

“Outro cenário é que o casco de pressão tenha se danificado, (e havido) um vazamento”, destacou em nota. “Neste caso, o prognóstico não é bom”.

Mas “há muito poucas embarcações” capazes de chegar à profundidade a que o Titan pode ter viajado”, advertiu.

“O relógio não para e qualquer submarinista ou mergulhador de profundidade sabe como o entorno abissal é implacável: ir ao fundo do mar é tanto ou mais difícil do que ir ao espaço do ponto de vista da engenharia”, afirmou, em nota, Eric Fusil, professor associado da Universidade de Adelaide.

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