Se você não sofre ou não conhece alguém que sofreu, ao menos já deve ter ouvido falar da Síndrome de Burnout. Em 2022, a condição passa a ser considerada uma doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e pode ser mais devastadora do que se imagina.

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Somente no Brasil, segundo a International Stress Management Association do Brasil (ISMA-BR), cerca de 33 milhões de pessoas são acometidas pela síndrome, o que representa aproximadamente 15% da população. De acordo com Leonardo Ciciarelli, psiquiatra pela Santa Casa de São Paulo, a Síndrome de Burnout trata-se de “um estado físico e mental de profunda extenuação, que se desenvolve em decorrência de exposição significativa a situações de alta demanda no ambiente de trabalho”, e os workaholics estão mais suscetíveis a desenvolvê-la.

A condição é composta por três sintomas principais: exaustão física e mental, despersonalização e baixa realização pessoal. Os sintomas secundários são:

• Alteração de apetite;

• Fraqueza;

• Alterações gastrointestinais;

• Sudorese;

• Dificuldade de concentração;

• Apatia;

• Agressividade;

• Baixa autoestima;

• Impaciência;

• Tendência ao isolamento. 

Como prevenir o Burnout

Segundo Leonardo, quanto mais precoce for feita a intervenção, menores são as chances do surgimento de consequências como o absenteísmo — a falta de pontualidade e assiduidade no ambiente de trabalho — e a evolução para um quadro depressivo. O especialista cita dois tipos de estratégias de prevenção: individuais e coletivas. 

Estratégias individuais de prevenção

Para se prevenir do Burnout, a principal recomendação é trabalhar a gestão do tempo de maneira eficaz, o estabelecimento de parâmetros e o controle do estresse, para que o trabalho não interfira em sua qualidade de vida. O psiquiatra recomenda administrar o tempo no trabalho para que os horários não sejam ultrapassados: “Tem pessoas que não descansam, trabalham 16 ou 20 horas por dia”, relata. Além disso, é preciso aprender a lidar com solicitações urgentes com mais calma e menos envolvimento, criando limites entre sua vida profissional e pessoal.

Dentre as estratégias individuais que podem ser colocadas em prática para prevenir o Burnout estão as técnicas de relaxamento, as pausas ao longo do dia, a prática de atividade física e a priorização de uma alimentação saudável e boas noites de sono. Se sente que alguma dessas práticas está defasada em sua rotina, é indicado consultar um profissional da saúde. 

Estratégias coletivas de prevenção

Segundo Leonardo, nem sempre as estratégias individuais são suficientes, e muitas vezes o problema deve ser tratado em um contexto laboral. Ele explica que as estratégias coletivas são trabalhadas especificamente dentro do ambiente profissional. “Dentro do ambiente de trabalho, o principal sintoma de Burnout é a dificuldade de relacionamentos interpessoais, o que gera um clima de tensão desgastante e desanimador. Favorecer um clima corporativo que alivie o estresse é importante”. 

Melhorar o clima organizacional, investir no aperfeiçoamento profissional, desenvolver programas de socialização, implantar sistemas de avaliação que concedam aos profissionais um papel ativo, proporcionar condições de trabalho ativas e gratificantes — eliminando a relação exclusivamente de ordem — em um ambiente onde as pessoas se sintam confortáveis e participem ativamente das decisões são as recomendações do especialista para um local de trabalho com funcionários mais saudáveis.  Além disso, as estratégias individuais de prevenção devem ser repassadas no ambiente de trabalho, para que sejam eficazes no contexto organizacional. 

O tratamento do Burnout envolve o afastamento médico completo do ambiente de trabalho, muitas vezes por tempo indeterminado, e o conselho do psiquiatra é não esperar até que a doença se instale ou evolua para a depressão para que se busque ajuda.