Os habitantes de Burkina Faso começaram a votar neste domingo (22) para eleger presidente e deputados em um ambiente político e social muito tenso, no qual a oposição teme “fraudes em massa” por parte do lado do presidente Roch Kaboré, que aparece como favorito, e ameaça não reconhecer os resultados.

Cerca de 6,5 milhões de eleitores poderão votar nessas eleições, mas um quinto do país não conseguirá exercer seu direito, devido ao fato de o Estado não estar suficientemente presente em algumas áreas do norte e do leste, onde os ataques jihadistas e as violências entre comunidades são praticamente diárias.

Roch Marc Christian Kaboré, eleito em 2015 e que busca um segundo mandato, enfrenta 12 rivais, incluindo Zephirin Diabré, líder da oposição, e Eddie Komboigo, candidato do partido do ex-presidente Blaise Compaoré, cujo governo, que caiu há seis anos, gera cada vez mais nostalgia entre a população.

Zephirin Diabré e Eddie Komboigo, considerados os dois candidatos independentes mais sérios, junto com outros quatro candidatos, denunciaram no sábado riscos de fraude na organização das eleições, o que aumentou a tensão.

Por sua vez, o presidente do partido presidencial Simon Compaoré “rejeitou as acusações de fraude anunciadas pela oposição” e afirmou que seu partido não precisa “de nenhuma fraude para ganhar as eleições”.

Neste domingo, Kaboré pediu nas redes sociais aos cidadãos que “se expressem livremente” e considerou que essas eleições são “um momento importante para a consolidação da democracia” no país.

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O presidente aparece como favorito contra uma oposição que não conseguiu unir suas forças, apesar de ter sido muito criticado por suas decisões em termos de segurança, tanto por seus adversários quanto por observadores.

Os opositores anunciaram que apoiariam unidos no segundo turno o candidato detrator do poder que ficar em primeiro neste domingo, uma situação nunca vista em Burkina Faso.

Por conta disso, o partido no poder observa com receio a possibilidade de um segundo turno, diz o professor de Ciências Políticas, Drissa Traoré.

Burkina Faso, um país agrícola e de mineração, antigamente muito visitado por turistas e ONGs, está afundado há cinco anos em uma espiral de violência, como seus vizinhos Mali e Níger.

Os ataques de grupos jihadistas – alguns próximos ao Al Qaeda, outros ao grupo Estado Islâmico -, misturados em ocasiões com confrontos entre comunidades e somados à violenta repressão das forças de segurança deixaram ao menos 1.200 mortos (civis em sua maioria) e forçaram um milhão de pessoas a abandonar suas casas nos últimos cinco anos.


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